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terça-feira, 20 de maio de 2014

ONDE ESTÁ VOCÊ AGORA



Heitor pegou um exemplar do Jornal Gazeta de Notícias em cima da mesinha ao lado da sua poltrona. Fazia isso todas manhãs como um ritual, aproveitando a luz que inundava a pequena sala. Ali sentado ouviu sua esposa na cozinha lavando a louça da manhã, enquanto no rádio de pilhas sintonizado na Globo AM um locutor dava as notícias da cidade. Heitor abriu o jornal por inteiro, vasculhando as manchetes do dia. Como todos dias, procurava por uma matéria em especial. Ergueu os olhos do jornal e observou a porta do quarto do seu filho ainda fechada. Como ele gostava de dormir... Mas nem adiantava reclamar,porque sua esposa era a primeira a falar que as crianças de hoje eram assim . No fundo Heitor não aceitava e nem achava certo , era de uma época que tinha o hábito de acordar às seis da manhã, mesmo que estivesse de férias. Não gostava de fazer parâmetros, no seu tempo a violência urbana era a mínima possível, já nos dias atuais...
Catou avidamente a manchete que lhe interessava, mas no primeiro caderno não encontrou nada. Jogou o primeiro caderno no chão ao lado da poltrona, onde mais jornais estavam espalhados ao redor.
Pulou a parte de esportes e políticas, e na seção policial, encontrou o que procurava:
“CRIANÇA DE SEIS ANOS DESAPARECE DENTRO DO SHOPPING CENTER”
Heitor ajeitou os óculos de leitura, e leu:
O misterioso sumiço do menino Ricardo Mattos de seis anos, anda intrigando as autoridades policiais. No dia dezesseis de maio, o menino foi junto com seus pais, Roberto Mattos e Leandra Mattos, ao Shopping Center Central, para assistirem no cinema o novo desenho animado da Disney. Segundo relato o pai do menino, naquela tarde de sábado o shopping estava lotado, mas ele garantiu que nem por um instante largou a mão  do seu filho. A mãe do menino comprou as entradas, e como ainda faltavam meia hora para o início da sessão, foram sentar no banco próximo ao play center. Ricardo pediu ao pai para jogar no vídeo do stock car, mas Roberto respondeu que não tinham tempo sobrando, que ia começar a sessão deles. Prometeu que depois do cinema voltariam para jogar. Nesse momento sua esposa trazia dois sacos de pipocas. Roberto declarou que tudo aconteceu em frações de segundos.No instante que  pegou os sacos, virou-se para passar um ao seu filho, mas Ricardo não se encontrava mais ao seu lado. Roberto e a sua esposa foram no play center lotado de crianças, mas Ricardo não estava lá. Leandra, sua esposa, saiu gritando pelo shopping pelo nome do filho, perguntando aos frequentadores e os seguranças se alguém tinha visto um menino andando sozinho. Roberto Mattos só repetia: Dez segundos... me distraí e em dez segundos meu filho sumiu. Foram feito uma busca minuciosa pelo prédio, mas nem os seguranças, nem a polícia não acharam nenhum vestígio de Ricardo.  A polícia que investiga o caso, viu pelas câmeras internas que o menino se afastou do seu pai e andou para o lado direito de onde estavam, contrário ao play center, e depois saiu da área de ação da câmera. Outros vídeos, de várias câmeras, foram analisados, mas em nenhuma delas a polícia encontrou um sinal do menino. A impressão que deu foi que o menino viu algum conhecido, para ter se afastado daquele modo. Na delegacia, Leandra, a mãe, em extremo desespero, teve que ser sedada. Ela só repetia: quero meu filhinho, quero meu neném... O pai, Roberto Mattos, disse ao delegado de plantão: 10 segundos, 10 segundos e meu filho sumiu...”
Heitor pegou uma caneta e circulou a notícia. Arrancou a página do jornal, dobrou e pôs dentro de um caderno em espiral. Juntou com outras matérias semelhantes a que lera agora.
Novamente olhou a porta fechada, e pensou: “Posso não concordar que ele durma desse jeito, mas é bem melhor que sumir dentro de um shopping”.
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Colou em uma página em branco a matéria que tinha acabado de ler. Fechou o caderno, caminhou em passos miúdos e abriu a porta do quarto. Sorriu. Verificou se a janela estava trancada. Balançou a cabeça, em sinal positivo. Pensou:
"Pode dormir à vontade, meu filho. Papai promete não vai ficar brabo com você."
Fechou com cuidado a porta. Sentia sede. Pediu água
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Heitor descansava depois do almoço. Ouviu sua esposa lavando os pratos. No rádio com volume bem alto eram executados uma variedade de músicas sertanejas. Heitor odiava música sertaneja. A verdade mesmo era que ele detestava ouvir rádio.
Precisava relaxar e fechou os olhos. Envolvido no silêncio , o único barulho era o da água correndo da torneira. E o som dos pratos. E a música sertaneja.
E seu filho dentro do quarto.
Uma das coisas que não ia abrir mão quando fosse a hora, eram os estudos. Ainda se lembrava das sábias palavras, ditas e repetidas a exaustão do seu pai para ele:
- Se você não estudar Heitor, não será ninguém nesse mundo. Se não estudar, vai seu vagabundo. Se não estudar, vai morrer de fome, porque se depender de mim, Heitor, vai ficar na miséria se não estudar!
Sábias palavras do seu pai. Se não tivesse seguido esses conselhos, quem seria hoje? Quando fosse o momento certo, repetiria esses  conselhos a seu filho...
Enquanto o momento ainda não chegou, sentiu que o cochilo vinha, e caiu em um sono profundo e sem sonhos.
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Fechou a porta devagar para não acordar seu filho. Mentalmente Heitor desejou boa noite, repetiu que o amava e voltou para seu lugar de sempre. Sua esposa já devia estar dormindo. Ela se esqueceu de desligar o rádio que tocava uma música romântica. Heitor também não gostava de músicas românticas.
Ao invés de ir desligar o rádio, preferiu pegar seu caderno com sua coleção de manchetes. Abriu uma página aleatoriamente, e leu. Apertou os olhos, porque a lâmpada em cima era fraca e amarelada.
“POLÍCIA INVESTIGA SUPOSTO SEQUESTRO”
No último comunicado divulgado pelo delegado Antunes, a tese da investigação ao desaparecimento de Eduardo Branco, quatro anos, leva a um sequestro. No dia 08 do mês corrente, a mãe do menino ligou para a polícia para comunicar o sumiço do seu  filho mais novo. Eleonor Branco, 38 anos, é divorciada, e mora com os filhos,B. de 8 anos e Eduardo, de quatro. Na noite de 07 de abril , Eleonor tinha deixado seus dois filhos no quarto dormindo e foi ao portão da sua casa conversar com suas vizinhas. No período que ficou fora de casa,nem ela e as vizinhas não viram nenhuma anormalidade na rua onde moram. Segundo Maria Imaculada, 47, vizinha da casa em frente, Eleonor se mostrava tranquila e bastante animada com o novo emprego que fora chamada. Segundo o depoimento da mãe, depois que contou a novidade para as vizinhas do seu emprego, entrou na casa, esquentou comida e jantou sozinha. Depois que tomou banho foi ao quarto dos filhos, como era hábito , e quando abriu a porta, só viu o filho maior dormindo e a cama de Eduardo estava vazia. Imaginou que fosse mais uma brincadeira da criança, que tinha o costume de pregar peças e de se esconder; procurou dentro do armário, pela sala, e em todos cômodos da casa,onde Eduardo costumava se esconder dela e não achou nenhum sinal dele. Desesperada, correu até o quintal e viu que o portão estava trancado à cadeado como ela deixara antes. Começou a chamar o nome dele aos berros, e a gritaria acordou a vizinhança que veio em  socorro. Chamaram a polícia, e depois de um longo depoimento aos detetives, Eleonor acusou o ex-marido dela, pai de Eduardo. Ao amanhecer policiais foram ao apartamento de Uidemar Bastos, 39 anos. Ele os atendeu e disse que não sabia de nada. Uidemar Bastos vive hoje com Isidora Xisto, de 25 anos, e o casal tem dois filhos. Passados cinco dias a polícia não tem nenhuma  pista do paradeiro de Eduardo Branco. Caso alguém tenha visto o menino da foto abaixo, favor comunicar a polícia ou ligue para o disque-denúncia...”
Que caso mais misterioso; pensou Heitor quando fechou o caderno. Como uma criança dessa podia desaparecer? Não houve pedido de resgate, a janela estava trancada por dentro, a mãe conversava com a vizinha no portão... Estranho...
Num impulso, correu para a porta do quarto do seu filho. Abriu e suspirou aliviado. Fechou a porta com cuidado para não fazer barulho, e sentou-se novamente na poltrona.
Que horas seriam agora? Não tinha ideia, estava escuro e a não ser o som do rádio ligado na cozinha, o silêncio seria completo. Teve vontade de ir lá desligar o rádio, mas desistiu. Cochilou sentado.
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Na parede ao seu lado onde estava sentado, um grande espelho estava pendurado, refletindo a pequena sala, aumentando o ambiente. Heitor estava parado. de pé em frente, se olhando e ajeitando o pouco cabelo que ainda restava na sua cabeça redonda. Não se achava feio, mesmo na sua idade. Passou os dedos no bigode, ajeitou a gola da camisa e pensou: “Ainda bem que tenho uma esposa prendada, do lar,teve bom gosto quando comprou esse espelho, e um filho maravilhoso.”
Quantos anos seu filho tinha mesmo? Cinco? Seis anos? Heitor não era muito bom em datas de aniversário. Agora mesmo ficou em dúvida quantos anos tinha... 43? 44?
O rádio de pilha da cozinha berrava a música È O AMOR, de Zezé di Camargo e Luciano. Devia ser a oitava vez que hoje tocava essa música.
Amor mesmo, e incondicional, tinha pelo seu filho. O único, e o mais precioso filho. Por ele, não media nenhum esforço, nem era egoísta. Sua esposa repetia sempre:  Do modo como trata nosso filho vai crescer mimado. Os filhos nasceram para o mundo.
Heitor respondia: Que mundo? Esse mundo ingrato, cruel, que não perdoa nem as crianças? Já parou para ver o número de crianças desaparecidas? Imagina o desespero desses pais que não sabem como estão seus filhos? Se eles foram vendidos para fora do país, se usaram seus órgãos para o tráfico? Não, prefiro zelar pela segurança do nosso filho, e se fosse possível, o isolaria do mundo dentro de uma redoma, uma redoma impenetrável, onde só eu teria a chave de acesso!
Era quase isso que Heitor fazia. Aproveitava seus momentos, que agora eram muito, para ficar de sentinela em frente da porta do quarto do menino. A janela era lacrada com grades. Ouvia sua esposa reclamando que ele precisava de ar puro, não fazia mal deixar o sol entrar no quarto, e Heitor dizia para si mesmo que o lugar dela era cuidar mais do filho, para isso ele colocara um Springer que ficava ligado o dia inteiro. Preferia pagar uma fortuna de conta de luz  do que correr o risco que algo de ruim acontecesse a seu filho.
Pegou o jornal. Como sempre, vasculhou em busca de notícias que o interessava. E achou. Rasgou a página e colou no caderno de espiral. Só depois que leu:
‘POLÍCIA ENCONTRA CORPO DE UM MENINO NO RIACHO D’AJUDA’
Foi encontrado o corpo de um menino boiando às margens do Riacho D’Ajuda, nesta cidade. Foram chamados os pais de Gabriel Mendes, que desapareceu quando saía da escola há quatro dias, para poderem reconhecer o corpo. Pelas primeiras perícias, constataram que a criança foi estuprada e depois estrangulada...”
Outro caso de criança, essa encontrada morta. Heitor sabia que seu filho estava no quarto, brincando no computador que ele dera no ano passado. Melhor assim, e ainda bem que ele não tinha idade de ir para a escola ainda.
O rádio de pilha tocava agora uma música dos anos 80, Glória, cantada por Laura Brangan. Heitor detestava essa música.
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Virou-se de lado, e ficou de frente para o espelho. Viu ali refletido um homem de meia-idade de aspecto cansado das constantes vigílias ao quarto do filho. Sua esposa devia estar dormindo . Ele que não conseguia mais dormir direito, eram apenas cochilos desde que começou com a coleção das manchetes das crianças desaparecidas. Ele se autointitulou o guardião dos anjos, nesse caso era seu filho. Não conseguia mais sair sem que a preocupação brotasse nos seus miolos. Emagrecera, porque comia sentado na poltrona sempre fiscalizando a porta fechada.
Pegou o caderno de espiral, que já estava grosso com as várias matérias de jornais coladas. Sua esposa lhe disse, uma vez: Não adianta achar que seu filho é feito de cristal, que por qualquer coisinha vai se quebrar. Nada vai acontecer com nosso filho, Heitor. Mas precisa parar de ter medo!
Que acusação mais nefasta. Aquelas palavras doeram bem fundo nele e o magoou... Então agora, quando um pai quer proteger seu filho dos perigos que rondavam o mundo agora era louco, então, Heitor admitiu. Sou louco pelo meu filho.
Encarou seu rosto refletido no espelho e arreganhou os lábios. Seus dentes estavam amarelados e tortos,nem tempo de escova-los tinha agora. Depois que Junior crescesse mais, ele ia descansar. Mas agora não. Podia ficar desdentado, careca, mas não arredaria pé dali onde podia manter os olhos vigilantes no quarto do seu filho.
Achou um exemplar antigo de jornal. Não viu que horas sua esposa tinha posto ali. Era estranho, pensou ele... Ia perguntar a ela, mas...
Sua esposa estava na cozinha, com certeza ligando para seus parentes, e o rádio de pilha berrava uma música de Roberto Carlos.
Ele detestava Roberto Carlos.
Abriu o jornal, estendo os braços ao faze-lo. E na sua frente a manchete diante dos seus olhos:
‘APÓS ENTERRAR O FILHO, MARIDO MATA ESPOSA’
Heitor franziu as grossas sobrancelhas. Aquela notícia não era atual. Já a tinha visto antes. Dobrou o jornal e folheou seu caderno de espiral, e verificou todas manchetes grudadas nas páginas. Chegou ao fim, e não encontrou a matéria. Intrigado, olhou a notícia no jornal de novo e disse a si mesmo: “Tenho quase certeza absoluta que já li isso antes... Li ou... Vi”.
Nem precisou ler a matéria que o repórter escrevera. Ele visualizou toda cena, como se passasse um filme diante dos seus olhos:
Alguém já passou pelo terror enquanto trabalhava e recebeu uma ligação da sua casa, mandando que fosse o mais rápido possível para lá por causa de uma tragédia? E que na pressa esse homem sai sem avisar a nenhum colega do telefonema, pegando o primeiro táxi que viu e pedindo que o motorista afundasse o pé no acelerador para o endereço indicado?
E quando chega em casa, a esposa vem aos prantos, o abraça e jura mil vezes que não teve culpa nenhuma do que aconteceu. Que estava na cozinha preparando o almoço, com o rádio de pilha berrando uma música sertaneja, pop, romântica, funk, qualquer ritmo que fosse, e não percebeu o instante que o filho pulou a janela do seu quarto,e andou sorrateiro no quintal dos fundos e  como o portão aberto, aproveitou e foi na rua. Ele só queria brincar com seus amiguinhos, mas a rua estava deserta naquele momento, e então vê uma bola largada, abandonada, no outro lado da rua, e tudo o que ele mais gosta é brincar com uma bola, e então correu sem olhar os lados, e suas pernas curtas não são rápidas o suficientes para atravessar a rua rápido,e no descuido de um motorista que fez a curva na esquina com toda pressa do mundo e não conseguiu frear a tempo; enquanto a esposa entretida na cozinha, mudava as estações do rádio em busca de fofocas; e aí que ela escuta os gritos na rua, pessoas chamando seu nome. E quando chega no portão da rua, sentiu suas pernas tremendo feito geleia quando viu seu filho embaixo do caminhão de refrigerantes, a cabeça esmagada na roda dianteira, e a imensa poça de sangue em volta. Ela gritou desesperada, correu, as pessoas que circulavam o local do acidente tentam segurar mas ela se ajoelha e agarra as mãozinhas frias do filho. E quando o pai chegou do trabalho abalado pela notícia, ela lhe contou isso como se fosse a coisa mais normal do mundo! Ela chorava, babava no ombro dele, mas o homem a afastou e pediu para ver seu filho, seu único filho. Foi ao IML, e mesmo com os pedidos de que mudasse de ideia para se poupar de mais sofrimento, o pai  quer ver o filho. E quando o viu, deitado na maca gelada, o rostinho deformado, um inocente de cinco anos, que faria aniversário em dois meses, o homem ruiu. Não conseguiu chorar,nem xingar, nem gritar, mas dentro dele um terremoto sacudia sua mente. Quando saiu de lá, não era mais o mesmo de antes. E depois do enterro, dos pêsames, das orquídeas, em silêncio voltou para casa com sua esposa em luto. Quando a família deles foi embora e deixou-os sozinhos com as lembranças, ele foi ao quarto do filho e olhou a cama vazia e a janela agora trancada a cadeado. Ele saiu do quarto, fechou a porta,viu sua esposa sentada no sofá agarrando o porta-retratos do filho enquanto chorava um choro quieto, então calmamente sem esboçar nenhum sentimento,toda razão escapando do seu controle, ele aproximou-se  e sem dizer absolutamente nada, envolveu suas mãos calejadas em torno do frágil pescoço dela, e enquanto apertava, quanto mais a esganava, ela não reagiu, apenas esperou isso, não se debateu, nem largou o porta-retratos com a foto de um menino sorridente abrindo os braços à espera do abraço. Ela só fechou os olhos , enquanto ele, suava, apertava mais e mais o pescoço dela. Até que as lágrimas dela secaram, os olhos sempre vivos apagaram-se e ela desabou de lado, deitada no sofá. E ele ficou ali, velando-a, sentado na poltrona em frente do quarto do seu filho.
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Atrás de uma porta de aço trancada com apenas uma pequena abertura retangular, um psiquiatra observava o comportamento de Heitor Silva, paciente do manicômio judicial. Mesmo depois de três anos da trágica morte do filho e do assassinato da sua esposa, o homem isolado mantinha uma rotina sem dizer nenhuma palavra. Ficava sentado na cama e pelos gestos de mímica que fazia passava a impressão de que lia jornais, rasgava páginas invisíveis  e - supôs o psiquiatra -  as colavam em um caderno. Para aquele homem que ficava sentado o dia inteiro olhando fixamente a parede à sua frente em sua cela mal iluminada por uma lâmpada de sessenta velas, o tempo não existia mais. Segundo relatórios de outros psiquiatras, a tendência era que aquele homem continuasse daquela jeito para sempre, sem a menor chance de recuperar sua sanidade.
Sentado em uma mesinha no corredor em frente à porta trancada e ao lado do médico que fazia anotações no seu prontuário, o enfermeiro-chefe que fazia plantão naquela noite tinha um pequeno rádio de pilha em cima da sua mesa que tocava uma música de Chitãozinho e Xororó: Fio de Cabelo.
Com certeza, Heitor detestava Chitãozinho e Xororó.


Rogerio de C. Ribeiro





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