- Dona Mônica, ela foi para o hospital!
Desnorteada, Mônica não entendeu. Perguntou:
- Quem foi pro hospital?
- Guiomar - disse dona Amélia. - Estava desacordada. Pobrezinha, amarraram ela, quebraram o joelho dela e por muito pouco não morreu...
- Graças à senhora, dona Amélia! - disse Osvaldo.
- Ela está viva??? - Mônica quase engasgou. Não acreditava no que ouvia.
Capítulo 31
- Por enquanto - dona Amélia disse, - os médicos ainda não sabem se sobrevive. Judiaram bastante da pobrezinha.
-
Mas... mas... - Mônica estava atordoada. - Como ela conseguiu sobreviver depois de tudo aquilo?
- Não chegou a hora dela, só pode ser isso! - disse Osvaldo.
Dona
Amélia ajeitou a parte superior da sua dentadura e indagou, desconfiada:
-
Mônica... pela sua cara, tá parecendo até que ficou chateada da Guiomar não ter morrido...
- Eu, hein! Impressão sua! - Mônica sorriu, mas por dentro borbulhava de ódio. - É que da
maneira que contou sobre a descoberta do assalto, a senhora fez tanto suspense na
hora que encontrou dona Guiomar no quarto...
-
Hum, hum... Pena que ela continua desacordada. A polícia só tá esperando que ela acorde pra saber como tudo aconteceu e fazer um retrato falado dos ladrões...
Mônica começou a sentir-se mal. Teve ânsias de vômito, mas conseguiu
controlar essa ansiedade. O que precisava fazer era voltar para casa.
(O que precisa fazer, sua burra, é acabar logo com tudo. Abra os pacotes e encha o álbum. O prêmio te espera!)
"Nem tô pensando nisso agora... estou preocupada é com Guiomar."
(Se a velha puta conseguir se safar, sua única alternativa é sumir do Estado do Rio. Ela não vai te aliviar nem um
pouco!)
Pela
primeira vez, Mônica ficou com medo. Sua visão foi embaralhando a tal ponto que mal conseguiu enxergar dona Amélia e o aposentado do Osvaldo na sua frente.
-
A senhora me dá licença...Adroaldo acabou de trazer Daniel do pronto socorro e vou dar uma assistência para eles...
Mônica
deu a volta e caminhou apressada para sua casa. Quando entrou na sala, desabou no
sofá. Daniel não estava mais ali, provavelmente Adroaldo tinha levado o menino
para o berço, ou foi dar um banho nele...
-
Dane-se onde ele está! - disse Mônica, desesperada. Sua preocupação no momento era a portuguesa...
" Eu jurava que ela tava morta... Eu vi..."
(Não, você apenas deu uma olhada. Tava se
cagando toda de medo que não enxergou o óbvio. Tem que admitir, essa você
falhou, idiota!)
Mônica
tiritava de frio. Entrelaçou os dedos e teve vontade de chorar.
"
Fiz tudo certo..."
(Certo... sei disso... Fez merda!)
-
Pra mim ela morreu! - disse ela, com voz alta.
- Quem morreu? - Mônica pulou de susto quando ouviu a voz de Adroaldo nas suas
costas. Ela ficou de pé e ficou parada, muda, enquanto Adroaldo contornou o
sofá e ficou diante dela.
-
Vamos, que negócio é esse de morreu, Mônica?
-
Nada... não é nada... - Ela embaralhou as palavras quando falou, - quer dizer,
é tudo... deu toda impressão... tava mais claro que...
Adroaldo
pôs suas mãos no ombro dela e Mônica o repeliu, transtornada. Ele não
reconhecia mais sua mulher, parecia que estava muito doente. Mônica massageou os lados
da cabeça e tentou se controlar:
-
Não é nada... foi um filme que vi... muita mentira...estou com dor de cabeça...
preciso ir dormir um pouco... mas primeiro vou fazer o jantar...
-
Deixa o jantar pra lá, Mônica. Vá se deitar. Sua cara tá péssima!
-
Como vou deixar o jantar de lado? E vocês? - disse Mônica. Sua cabeça era como
uma bomba pronta para explodir.
-
Você não tá legal desde de manhã, Mônica, esquece o jantar. Eu e as crianças nos
viramos. Vou comprar uma pizza pra eles.
Mônica
arriou no sofá. Tudo girava a sua volta. Pressão... pressão... era muita
pressão...
(Faça o que ele diz, Mônica. Você tem que dormir um pouco... Não esqueça que ainda tem os pacotes para
abrir... E se continuar nesse ritmo, tá arriscado de pifar e botar tudo a perder!)
A
voz tinha razão. Agora mesmo sentia-se fraca e vulnerável. E não podia
instigar mais, senão Adroaldo não a deixaria em paz. E ela conhecia muito bem seu marido. Se não fosse dormir agora, Adroaldo acabaria a levando para um hospital, ela
querendo ou não. E como ainda precisava ver as figurinhas...
-
Vou sim, Adroaldo. E quando comprar a pizza, separa uma fatia pra mim.
Mônica
andou em passos lentos para o quarto; seu corpo inteiro doía, e sentia-se
entorpecida como se tivesse acordada há dias e dias. Quando bateu a cabeça no
travesseiro, nem teve mais tempo para pensar. Apagou em um sono profundo, sem
sonhos.
Continua...
No próximo capítulo: Última semana da série. Faltando 4 capítulos para o final da história.
Rogerio de C. Ribeiro
Continua...
No próximo capítulo: Última semana da série. Faltando 4 capítulos para o final da história.
Rogerio de C. Ribeiro
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