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segunda-feira, 21 de julho de 2014

O PRÊMIO CAPÍTULO 31

No capítulo anterior: Osvaldo exclamou:
- Dona Mônica, ela foi para o hospital!
Desnorteada, Mônica não entendeu. Perguntou:
- Quem foi pro hospital?
- Guiomar - disse dona Amélia. - Estava desacordada. Pobrezinha, amarraram ela, quebraram o joelho dela e por muito pouco não morreu...
- Graças à senhora, dona Amélia! - disse Osvaldo.
- Ela está viva??? - Mônica quase engasgou. Não acreditava no que ouvia.


Capítulo 31

- Por enquanto - dona Amélia disse, - os médicos ainda não sabem se sobrevive. Judiaram bastante da pobrezinha.
- Mas... mas... - Mônica estava atordoada. - Como ela conseguiu sobreviver depois de tudo aquilo?
- Não chegou a hora dela, só pode ser isso! - disse Osvaldo.
Dona Amélia ajeitou a parte superior da sua dentadura e indagou, desconfiada:
- Mônica... pela sua cara, tá parecendo até que ficou chateada da Guiomar não ter morrido...
- Eu, hein! Impressão sua! - Mônica sorriu, mas por dentro borbulhava de ódio. - É que da maneira que contou sobre a descoberta do assalto, a senhora fez tanto suspense na hora que encontrou dona Guiomar no quarto... 
- Hum, hum... Pena que ela continua desacordada. A polícia só tá esperando que ela acorde pra saber como tudo aconteceu e fazer um retrato falado dos ladrões...
Mônica começou a sentir-se mal. Teve ânsias de vômito, mas conseguiu controlar essa ansiedade. O que precisava fazer era voltar para casa.
(O que precisa fazer, sua burra, é acabar logo com tudo. Abra os pacotes e encha o álbum. O prêmio te espera!)
"Nem tô pensando nisso agora... estou preocupada é com Guiomar."
(Se a velha puta conseguir se safar, sua única alternativa é sumir do Estado do Rio. Ela não vai te aliviar nem um pouco!)
Pela primeira vez, Mônica ficou com medo. Sua visão foi embaralhando a tal ponto que mal conseguiu enxergar dona Amélia e o aposentado do Osvaldo na sua frente.
- A senhora me dá licença...Adroaldo acabou de trazer Daniel do pronto socorro e vou dar uma assistência para eles...
Mônica deu a volta e caminhou apressada para sua casa. Quando entrou na sala, desabou no sofá. Daniel não estava mais ali, provavelmente Adroaldo tinha levado o menino para o berço, ou foi dar um banho nele...
- Dane-se onde ele está! - disse Mônica, desesperada. Sua preocupação no momento era a portuguesa...
" Eu jurava que ela tava morta... Eu vi..."
(Não, você apenas deu uma olhada. Tava se cagando toda de medo que não enxergou o óbvio. Tem que admitir, essa você falhou, idiota!)
Mônica tiritava de frio. Entrelaçou os dedos e teve vontade de chorar.
" Fiz tudo certo..."
(Certo... sei disso... Fez merda!)
- Pra mim ela morreu! - disse ela, com voz alta.
- Quem morreu? - Mônica pulou de susto quando ouviu a voz de Adroaldo nas suas costas. Ela ficou de pé e ficou parada, muda, enquanto Adroaldo contornou o sofá e ficou diante dela.
- Vamos, que negócio é esse de morreu, Mônica?
- Nada... não é nada... - Ela embaralhou as palavras quando falou, - quer dizer, é tudo... deu toda impressão... tava mais claro que...
Adroaldo pôs suas mãos no ombro dela e Mônica o repeliu, transtornada. Ele não reconhecia mais sua mulher, parecia que estava muito doente. Mônica massageou os lados da cabeça e tentou se controlar:
- Não é nada... foi um filme que vi... muita mentira...estou com dor de cabeça... preciso ir dormir um pouco... mas primeiro vou fazer o jantar...
- Deixa o jantar pra lá, Mônica. Vá se deitar. Sua cara tá péssima!
- Como vou deixar o jantar de lado? E vocês? - disse Mônica. Sua cabeça era como uma bomba pronta para explodir.
- Você não tá legal desde de manhã, Mônica, esquece o jantar. Eu e as crianças nos viramos. Vou comprar uma pizza pra eles.
Mônica arriou no sofá. Tudo girava a sua volta. Pressão... pressão... era muita pressão...
(Faça o que ele diz, Mônica. Você tem que dormir um pouco... Não esqueça que ainda tem os pacotes para abrir... E se continuar nesse ritmo, tá arriscado de pifar e botar tudo a perder!)
A voz tinha razão. Agora mesmo sentia-se fraca e vulnerável. E não podia instigar mais, senão Adroaldo não a deixaria em paz. E ela conhecia muito bem seu marido. Se não fosse dormir agora, Adroaldo acabaria a levando para um hospital, ela querendo ou não. E como ainda precisava ver as figurinhas...
- Vou sim, Adroaldo. E quando comprar a pizza, separa uma fatia pra mim.
Mônica andou em passos lentos para o quarto; seu corpo inteiro doía, e sentia-se entorpecida como se tivesse acordada há dias e dias. Quando bateu a cabeça no travesseiro, nem teve mais tempo para pensar. Apagou em um sono profundo, sem sonhos.

Continua...

No próximo capítulo: Última semana da série. Faltando 4 capítulos para o final da história.

Rogerio de C. Ribeiro

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