E nem sua família iria atrapalha-la também.
Capítulo 25
Mônica
acordou os meninos para o colégio.
-
Vamos logo, cambada de preguiçosos, já está na hora!
Felipe
estranhou a aparência da mãe:
-
Manhê, a senhora tá com uns troços escuros embaixo dos olhos!
Mateus
ia dizer a mesma coisa, mas preferiu ficar quieto.
-
Vão se arrumar logo, merda! - Mônica gritou.
Felipe e Mateus já tinham se levantado das suas camas e caminhavam para o banheiro, mas quando ouviram sua mãe falar um palavrão, pararam no meio do quarto, assustados. Sua mãe devia ter acordado mal-humorada... não tava nada bem!
Felipe e Mateus já tinham se levantado das suas camas e caminhavam para o banheiro, mas quando ouviram sua mãe falar um palavrão, pararam no meio do quarto, assustados. Sua mãe devia ter acordado mal-humorada... não tava nada bem!
Mônica
preparou o café com leite e pão com margarina e deixou em cima da mesa. Felipe entrou na cozinha, vestindo o uniforme do colégio, e bebeu o leite. Voltou para a sala para pegar sua mochila.
Mônica
foi atrás dele como um raio.
-
Volta agora pra cozinha e coma o seu pão! - Ela gritou.
-
Manhê, não tô com fome ainda...
Mateus
entrou na sala e ficou parado. Parecia uma estátua de um menino magro, com bermuda azul, camisa branca, cabelos rebeldes e uma expressão de terror nos olhos arregalados.
-
Se não for agora, eu mesma vou te levar lá pra cozinha - ameaçou Mônica. Haviam duas olheiras fundas debaixo dos seus olhos, e seu cabelo oleoso
emplastrava as laterais de seu rosto magro. Ela arreganhou os lábios e exibiu dentes tortos e amarelados. - E acho que não vai querer que eu faça isso!
Felipe,
mesmo aterrorizado, disse:
-
A senhora tá doente, manhê... nunca vi a senhora desse jeito...
Como
uma garra, Mônica agarrou o colarinho da camisa de Felipe e sacudiu-o para
frente e para trás, fazendo com que a cabeça do menino chacoalhasse em cima do
pescoço.
-
Seu merdinha, já deu tudo que tinha que dar! Tô de saco cheio! Não aguento mais ouvir você ficar falando
"manhê"... isso é coisa de viado!
Felipe , com suas mãos, segurou o braço da sua mãe. Para um menino de nove anos, não era
tão frágil assim.
-
Para com isso, mãe! - Perto do corredor, Mateus chorava. - Larga Felipe...
Ela
apontou para ele:
-
Não se meta porque senão sobra pra você também!
-
O que está acontecendo aí na sala - a voz de Adroaldo veio no final do
corredor que dava para o seu quarto.
-
Não é nada - gritou Mônica. Uma expressão transtornada estampava seu
rosto. - É Felipe, agora deu de ficar desobedecendo às minhas ordens!
Ela
empurrou Felipe, que tropeçou nas pernas e caiu sentado. Mônica
apontou para a cozinha e ordenou:
-
Vão pra cozinha agora e quando eu entrar, não quero ver uma migalhinha perdida em
cima da mesa! Vão pra lá e me esperem. Tenho que ir falar com o chato do pai de vocês!
Felipe
se levantou, limpou os fundilhos da bermuda e foi junto com seu irmão para a
cozinha, enquanto Mônica caminhava para o quarto.
Adroaldo
estava de pé e vestia uma bermuda.
-
Que zona foi aquela na sala?
Mônica
bufou:
-
É a droga da internet que só ensina coisas erradas para as crianças.
-
Mas precisava gritar daquele jeito? - perguntou Adroaldo, enquanto
colocava uma camisa polo.
Mônica riu. Depois a risada se transformou em uma gargalhada. Adroaldo, espantado,
viu quando Mônica sentou na beirada da cama enquanto tinha sua crise de risadas:
-
Engraçado - disse ela aos risos, agora mais fracos. Limpou algumas lágrimas dos
olhos com as costas da mão. - Fala se não é mesmo engraçado, Adroaldo? Há três dias
você correu atrás dos meninos com um cinto na mão, e quase arrancou o couro
deles. Isso não te assustou. Agora, quando chamo a atenção dos meninos porque eles
estão sendo desobedientes comigo, você fica abismado!
-
É que nessa casa, sempre quem dá os castigos sou eu. - Disse Adroaldo, já
vestido. - Você sempre foi o tipo daquela mãezona, que sempre protege seus
filhos debaixo das asas. E pelo que me lembro, você nunca levantou a voz para eles!
Mônica
encarou Adroaldo e disse, séria:
-
Cansei. Cansei de ser a boazinha da casa e deixar que montem no meu cangote.
-
Mônica, tua cara tá péssima... péssima não, tá horrível!
-
Sempre tive essa cara, Adroaldo.
-
Claro que nunca teve! Está estressada...
Mônica
fez um esgar no canto dos lábios:
-
Há dez anos que vivo desse jeito, Adroaldo. Você que nunca percebeu. Só pensa em você... egoísta!Só olha pro teu umbigo!
-
Isso é coisa da sua cabeça - disse Adroaldo.
- Da minha cabeça, Adroaldo? Tem certeza disso? Agora, além de viver no mundo da lua, imagino coisas...
- O que tá havendo é que você está cansada - disse Adroaldo. - Deixa que levo os meninos pra escola.
Ela
olhou-o de cima para baixo. Ele vestia um bermudão e camisa polo.
-
Assim desse jeito?
-
É, desse jeito - disse ele. - Percebi que desde ontem você não anda bem. Sei
que ficar cuidando de três meninos, principalmente nessa fase, não é nada fácil. Descansa um
pouco, tá com uma cara que mal dormiu...
"Que dormir, imbecil. Por enquanto não tenho tempo pra isso", pensou Mônica, que
disse:
-
E hoje não vai pra imobiliária?
-
Não, vou levar Daniel para um médico. O tom da voz dele me deixou grilado.
- Já não te falei que é apenas um resfriadinho bobo?
-
Tomara que o médico fale a mesma coisa, Mônica, tomara! - Ele saiu do
quarto, deixando Mônica para trás.
(O merecimento ao prêmio é feito
de provas, Mônica, e você tem que supera-las uma a uma.)
Mônica
sabia que mais cedo, mais tarde, não ia conseguir se controlar. A adrenalina só aumentava, e ela ainda tinha que fazer muitas coisas. Mas com sua família te atrapalhando, só adiaria mais o seu sucesso.
Dentro da sua cabeça, algo pululava - deve ser um ovo gigante que nasceu ali dentro, ela pensou, gargalhando novamente.
Continua...
No próximo capítulo: Dona Amélia faz um comentário com Adroaldo que o deixa intrigado.
Rogerio de C. Ribeiro
Dentro da sua cabeça, algo pululava - deve ser um ovo gigante que nasceu ali dentro, ela pensou, gargalhando novamente.
Continua...
No próximo capítulo: Dona Amélia faz um comentário com Adroaldo que o deixa intrigado.
Rogerio de C. Ribeiro
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