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segunda-feira, 7 de julho de 2014

O PRÊMIO CAPÍTULO 21

No capítulo anterior: - Os meninos se comportaram?
- Depois da sua lição, eles estão um anjo!
- Melhor assim - retrucou Adroaldo, que caminhou para a área.
Mônica largou a faca, que caiu no chão. Adroaldo, surpreso, perguntou:
- O que foi?
Mônica procurou controlar o nervosismo:
- Para onde está indo?
Adroaldo tirou sua camisa do ombro e mostrou para sua esposa:
- Essa camisa tá em petição de miséria! Vou deixar lá dentro da máquina de lavar.

Capítulo 21

- Não! - disse Mônica, tirando a camisa da mão do marido. - Nada de ficar largando camisa na máquina agora. O que você tem que fazer agora é ir tomar um banho, porque tá fedendo e empesteando a cozinha toda!
Intrigado, Adroaldo levantou os braços e cheirou as axilas.
- Não tô fedendo tanto assim..
- Tá sim, seu nariz que se acostumou com o cheiro. Vou botar tua camisa no cesto de roupa e quando encher, uso a máquina só uma vez... para economizar na luz!
Foi a palavra mágica que soou como música nos ouvidos de Adroaldo. Ele deu um tapinha no ombro da esposa e concordou:
- Você está certa, Mônica. De vez em quando você desce da lua e pisa na terra. Esse mês a conta da luz veio na hora da morte. Tá, faz o que tem que fazer, você que administra a casa mesmo!
Adroaldo saiu da cozinha e Mônica arriou na cadeira, ainda com a camisa dele nas mãos. Sua vontade era chorar; a pressão aumentava em cima dela.
(Chorar não vai adiantar nada! O negócio é administrar as coisas até que feche todo álbum!)
Damiano (ou a caveira!) estava com a razão.
(Sempre tenho razão, merda!)

Mônica chamou Adroaldo e os meninos para o jantar. Preparou os pratos deles e ia preparando o seu quando ouviu:
- Cadê Daniel? - Perguntou Adroaldo.
Ela gelou. Mas continuou fazendo seu prato como se não tivesse escutado nada.
- Mônica, fiz uma pergunta! Onde está Daniel?
Foi Felipe que respondeu:
- Tá lá quarto, dormindo.
Adroaldo, intrigado:
- Como tá dormindo? Mônica, vá acorda-lo pra jantar.
Mônica pôs seu prato na mesa e sentou-se com eles na mesa, tranquilamente.
- Daniel pegou um resfriado, deixa ele lá dormindo pra ver se melhora.
- Que absurdo! - Adroaldo largou o seu garfo, que caiu ao lado do seu prato e se levantou. - Se você não vai, então eu vou acorda-lo.
- Papai, Daniel tá dormindo desde que chegamos - comentou Mateus entre uma mastigada e outra no purê de batatas.
- Como é que é? Mônica, que história doida é essa?
- Exagero do Mateus, Adroaldo.
- Não é exagero meu não! - Defendeu-se Mateus, magoado com sua mãe. - Quando chegamos do colégio, Daniel já tava dormindo e não acordou até agora!
Adroaldo empurrou sua cadeira para trás e correu para o quarto. Mônica encheu seu garfo de purê e arroz e disse, zangada:
- Você e sua língua comprida. Um dia vou pegar a tesoura pra corta-la e depois jogo ela pro Champion comer.
- Não, manhê! - disse Mateus choramingando.
- Engole esse choro e coma sua comida. - Ela mastigou e disse com a boca cheia: - Linguarudo.
Ela ouviu Adroaldo gritando do quarto dos meninos:
- Mônica, estou sacudindo Daniel, mas ele não acorda!
Mônica sentiu que Felipe e Mateus pararam de comer e que agora mantinham seus olhos fixos nela. Ela cortou um pedaço de bife e levou-o para a boca devagar. Mastigou várias vezes e engoliu. Deixou o garfo e a faca em cima do resto do seu jantar e aí se deu o trabalho de responder:
- É mesmo?
- Pelo amor de Deus, Mônica, vem aqui ver!
Ela balançou a cabeça mostrando desinteresse e comentou com os filhos:
- Esse seu pai... sempre se apavorando à toa.
- Mas manhê, Daniel tá muito doente pra dormir desse jeito - arriscou Felipe.
Mônica fez uma careta de escárnio e disse:
- Agora o senhor Felipe de nove anos é médico!
- Não é isso...
Adroaldo, desesperado:
- Anda logo e vem pra cá, droga!!!!
Mônica levantou-se e caminhou para o quarto. Ali, viu Adroaldo debruçado sobre o berço movendo Daniel de um lado ao outro. Quando viu Mônica ao lado dele, levantou a cabeça e disse:
- Nosso filho não está nada bem!
- Impressão sua - disse Mônica. Ela procurava mostrar-se mais normal possível, mas dentro dela seu coração disparava feito louco.
- Ele tá gelado... vamos leva-lo para o posto médico!
- Não tá sendo meio precipitado, Adroaldo?
Adroaldo colocou seus dois braços embaixo do corpo inerte da criança e botou no colo. A cabeça de Daniel pendeu para baixo.
- Precipitado? O que tá havendo contigo, Mônica? Tá na lua de novo? Volta pra terra, acorda!

Continua...

No próximo capítulo: Adroaldo fica intrigado com o que aconteceu a Daniel. E Mônica se mostra mais desinteressada com a situação toda que criou.

Rogerio de C. Ribeiro

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