Sábado,
28 de junho. Hoje tem Brasil e Chile pelas oitavas de final na Copa do Mundo. Quem
perder, volta para casa. Se for o Brasil (não creio que seja agora),
a maioria dos jogadores voltam para SUAS mansões, ou regressam para a Europa.
Mas
não serei pessimista. O Brasil passa e pronto, depois pega outro sul-americano
e dá prosseguimento à sua campanha do hexa.
Mas
o assunto de hoje não é sobre a Copa do Mundo. São dos contos que venho
publicando nesses dois meses de blog.
Um
dia, pesquisei pelo Google sobre blog's de contos e encontrei vários, mas não
achei um igual ao meu. Pode ser que até tenha, mas não vi. Os que apareceram
foram contos esporádicos, resenhas de livros de autores iniciantes, matérias
sobre como criar um conto, um argumento, a forma como DEVE ser escrito uma obra
de ficção.
Escrevi
a palavra "deve" em maiúsculas de propósito, porque o que notei foi
muito blá-blá-blá. Até aceito que alguns escritores iniciantes necessitem de
uma orientação para desenvolverem suas histórias. Mas ou estou errado, ou sou
egocêntrico demais, mas não compro uma ideia de pessoas que nunca escreveram um
romance, ou um conto. Vi que muitos são jornalistas, fizeram zil cursos de
técnica de escrita, se consideram phd, analisam detalhadamente uma obra, mas
são incapazes de contar uma história.
Para
mim, a melhor aula para aprender o básico para escrever, que seja uma obra
prima ou um lixo, primeiro de tudo é ler. Ler bastante. Começar a ler (ou no meu
caso, antes de aprender a ler, olhar as figurinhas), um livro infantil ou um
gibi da Turma da Mônica ou revista da Disney.
Vou
falar do meu caso. Meu primeiro contato com um livro, foi no jardim de
infância. Eu tinha cinco anos, estudava(?) no colégio Júlia Cortines, que fica
ao lado do Campo de São Bento, em Niterói. O livro era Alice no País da Maravilha,
e o que me fascinou foi o desenho do gato listrado que sumia e aparecia (não
sei o nome dele até hoje). Lembro que pedi aos meus pais mais livros, mas meu
pai não comprou nenhum livro, mas me apareceu com revistas do Riquinho,
Brotoeja, Bolota, Brasinha... Isso foi em 1968.
Em
1970, conheci a revista Mônica. Nesse ano já sabia ler. Viciei nos quadrinhos.
Lia de tudo, principalmente as revistas Mônica, Cebolinha, Luluzinha,
Bolinha...
O
bom de ler gibis é você acompanhar aquelas pequenas aventuras de seis, dez
páginas. Entender o enredo. O começo, meio e fim. Viajar com os personagens.
A
influência do gibi era tão grande em mim que, nos meus 12 anos, quis escrever
uma história. O nome era Joca, sobre um bandido. Comecei escrevendo, mas na
altura da página 5, decidi transforma-lo em quadrinhos. Desenhava e escrevia as
falas nos balões dos personagens. Naquela época, era minha praia.
Desenhava
(ou rabiscava) cadernos com aventuras de personagens que eu criava. Me divertia
com aquilo.
Fora
as histórias que eu criava na minha cabeça. Imaginava que eram novelas de
trocentos capítulos, inventava personagens e enredo, por mais esdrúxulo que
fosse!
Minha
primeira lembrança de livro que li foi As Caçadas de Pedrinho. Monteiro Lobato.
E sabem de uma coisa? Na época não gostei. Mas li.
Depois
vieram as coleções de livros de bolso da Ediouro. Eram livros infanto - juvenis
maravilhosos. Tinha um que eu adorava, eram as aventuras de Bira e Calunga.
Sobre um menino órfão e seu cachorro que viviam no Rio de Janeiro, sempre se
metendo em confusão. Me lembro de um que era sobre uns bandidos que fabricavam
salsicha de cachorro! Eu tinha dez anos quando li, e nunca mais me esqueci
desse fato!
Com
quinze anos, li Dom Quixote. Leitura difícil, mas juro que li ele todo. Logo em
seguida li Germinal, de Émile Zolá. Um livro que já li umas três vezes. E
depois li O Processo, de Kafka, muito doido para a cabeça de um jovem
adolescente.
E
confesso: Graças ao estilo naturalista de Germinal, ao absurdo de O Processo,
às aventuras de um louco em Dom Quixote, que me deram coragem, e escrevi em
1978, Eu Sou Brasileiro, sobre um nordestino que sonha com o sucesso financeiro
na cidade grande. Foi o primeiro manuscrito meu que teve começo, meio e fim, e
com lógica.
Voltando
ao que dizia lá em cima sobre ensinar a escrever: Isso não funciona para mim.
Meus professores foram os milhares de gibis que li, que estimularam minha
imaginação, e o contexto de começo, meio e fim de um enredo. Claro que o
principal é gostar, e muito, de escrever, criar situações, pensar nos nomes dos
personagens, escrever um conto de 7 páginas que tenha sentido... ou escrever um
de cento e lá vai fumaça, como agora, que estou publicando em capítulos no blog,
as loucuras de Mônica. Meus insistentes leitores que acompanham a série, tenham
calma que ainda tem muita coisa aí pela frente!
E
para não perder o hábito dos sábados, vou comentar os contos completos que
publiquei nessa semana.
DUAS
PALAVRAS APENAS, E ADEUS = Conto que publiquei na terça. História que criei nessa
semana agora. A princípio, o título
seria Uma palavra apenas e adeus, mas
precisei mudar para duas. Um detalhe sobre o processo desse conto: Pensei no
título, escrevi as primeiras palavras, e confesso de coração, não tinha a
mínima ideia do que viria em seguida. Fui escrevendo, as palavras foram criando
um cenário, daqui a pouco foi o personagem, e logo visualizei o caráter dele.
De pronto, como uma psicografia, depois escrevi rápido, em duas horas já estava
pronto.
LILICO
= Conto de quinta-feira. Essa história também escrevi nessa semana. Só que foi
diferente a de cima. Esse conto chegou pra mim completo, e só depois pensei no
título. O que me inspirou: Nasci e vivi quase minha vida inteira em Niterói,
RJ, e hoje moro no Litoral do Paraná. Pois bem, moro numa casa, com muros de
palito de cimento e portão PVC. Todo dia de manhã (isso quando faz sol, claro),
sento na minha cadeira, fumo meu cigarro, troco o jornal da gaiola do meu
calopsita de 11 anos e brinco com o cão pastor alemão, que pertencia à minha
cunhada, mas que adotou minha casa como sua moradia. Bem, estava eu lagarteando
no sol (ainda com um pouco de cerração), observando os quero-quero berrando na
rua em frente, quando vi um sujeito todo agasalhado sentado em frente do muro
numa casa vizinha, no outro lado da rua. E o sujeito se levantou, veio andando
em direção do meu portão (e imaginei Bento, o pastor alemão, latindo para ele)
e perguntou se eu sabia das horas. A voz dele era infantil, e eu respondi que
não sabia, ele deu tchau, meia volta e foi caminhando pela rua de areia e
grama, em direção da estrada.
E
o jeito dele me inspirou na hora. Pensei: Um mendigo com alma infantil, com
habilidade de fazer arte ( o origami veio quando comecei a escrever), primeiro
as pessoas desconfiavam dele, depois a criançada ficava amiga dele, e tinha um
muro, claro, um muro cercando um terreno baldio, até que certo dia chega
operários e constroem uma casa. E o novo morador, quando vê um mendigo sentado
na frente do seu muro, faz de tudo para tira-lo dali.
Como
disse, esse conto veio com o início, meio e fim. Quando escrevi a primeira
palavra, já sabia da última. E foi prazeroso. Quem não leu, leiam. Não é um "era
uma vez e todos viveram felizes para sempre", infelizmente a realidade não
é um conto de fadas.
Posso
estar errado ou sou egocêntrico. Estou repetindo isso porque para escrever não
precisa de aulas teóricas, tem que ir logo pra ação. E se sua história vai ser
uma obra prima, um best-seller, vai ser adaptado para um filme ou tv, bem, isso
não depende só para quem escreve. Depende daqueles que gostam de ler, seja um
gibi ou um livro, e que acreditem no seu potencial. Ou na sua diversão!
Rogerio
de C. Ribeiro
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