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sábado, 14 de junho de 2014

CRIANDO UM MUNDO PARALELO À REALIDADE


Nessa semana postei no blog dois contos que foram escritos num intervalo de quinze anos. Imagino que vocês, meus leitores insistentes, que vem acompanhando meus contos e, quem sabe, gostando delas, devem pensar: "Raios! Há quanto tempo esse cara escreve? Todo sábado fica explicando que conto tal foi escrito em 1900 e lá vai fumaça, que isso, aquilo. Por quê nunca publicou nada?"
Escrevo desde que me dou por gente. Meu primeiro caderno escrito à mão foi em 1978, um lixo, confesso, que tinha 344 páginas de um romance sem pé e nem cabeça, mas que naquele tempo eu tinha certeza que havia escrito uma obra prima. O título era Carlos Silva, e se não me falha a memória, era sobre um sujeito que recebia uma herança e comprava uma "cidade"! Tinha 14 anos, e disse pra mim mesmo: Quero ser um escritor!
O ato de criar um conto, novela, romance, é o mesmo que teletransportar-se a um mundo paralelo. Digo isso por mim, claro. Viajo no enredo, no final que crio (e se for surpreendente, melhor ainda), mesmo que escreva um conto pesado, do tipo O Espetáculo, só escrevo ficção. Não baseio meus contos com pessoas conhecidas, nem com fatos que aconteceram na minha vida. Na vida real, um caso como o do conto acima, sobre um linchamento e da alegria do povo, não é tão bacana. 
A base dos meus contos tratam-se da família. Não aquela família que mora no Leblon, mas uma que até pode ser seu vizinho. Escrevi As baratas em 1981. Trabalhei como office-boy em um escritório de contabilidade, e meu chefe na época, mandou que eu treinasse datilografia. Ele cismou que eu só batia com os dedos indicadores, e para obedecer a sua ordem, fui treinar. Aproveitei o momento livre, entre os asdfg da vida, e mesmo com dois dedos, escrevi As baratas. Claro que ele não gostou muito, mas foi minha primeira história datilografada!
A base do conto é sobre um filho rejeitado pelos pais, desde seu nascimento. Preferi utilizar a descrição na primeira pessoa, para expressar as ideias de Sandoval, e seu sarcasmo junto à família. O garoto era um zero à esquerda, e quando Afonsinho, seu irmão, entrou em cena, ele só não foi expulso de casa porque era mão de obra barata ao pai. E a comparação da sua vida com as baratas foi inevitável.
Outro conto da semana foi O Revólver, escrito em 1996. A ideia principal foi uma brincadeira sobre um crime passional, da polícia investigando e testemunhas do prédio onde ocorreu o duplo assassinato. E esquecido em cima da mesa, o causador da tragédia, um revólver calibre 38. O final foi a lá Nelson Rodrigues, mas fiz proposital mesmo. Não se esqueçam que graças a um conto da Vida Como Ela É..., decidi que também queria escrever contos semelhantes. (Com o tempo, adquiri meu próprio estilo, que é bem diferente do Vida como ela é..., e só fui ver isso quando li a antologia que Rui Castro lançou das obras de Nelson Rodrigues.)
Essa semana ia postar o conto Notícias de Última Hora, mas resolvi deixar para semana que vem. O contexto dele é meio parecido com o do Revólver, mas diferente no tema. Semana que vem explico.
Outro conto que ia publicar na semana que vem, mas que vai ficar para depois. Jesus Cristóvão. Essa história vou deixar para julho, junto com Prioridade Paterna.
E nessa semana, foram mais três capítulos de O Prêmio. Uma semana de puro suspense e terror. Quem estiver lendo, preparem-se com que vem aí, serão quatro capítulos angustiantes. Espero que estejam se divertindo com as loucuras da Mônica!


Rogerio de C. Ribeiro

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