Translate

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

NADA É O QUE PARECE CAPÍTULO 14

No capítulo anterior: Aurélio arriou na poltrona, extasiado. Sua bermuda era como uma barraca armada. A ereção continuava firme e forte.
"Meu Deus! Como foi que Vera contrata uma garota bonita pra trabalhar aqui... Vai ser difícil controlar a tentação..."
Enquanto ia para a cozinha com a bandeja, Fernanda ria. O patrão ficou de queixo caído! O instrumento dele não era grandes coisas, mas ela adorava excitar os homens.
Principalmente, apreciava em saber que os homens a desejavam. Seu ego aumentava.

Dona Vitória dormia sentada na sua cadeira de rodas. A cabeça pendia no peito e babava na gola do vestido. Quando Fernanda entrou no quarto e a viu naquela posição, disse:
- Vai ter um torcicolo, velha maluca.
Ela pisou com cuidado para não acorda-la. Contornou a cadeira de rodas e andou até o armário. Abriu a primeira porta da esquerda e viu vários vestidos pendurados em cabides da mesma cor creme.
- Por quê os velhos não tem um mínimo de bom gosto? Olha só esses trapos que ela chama de vestido! Tudo lixo! E eu achando que meus vestidos de crente eram bregas!
Ela foi afastando um a um os vestidos da velha senhora para ver os fundos do armário. Não achou nada. Passou para a porta do lado e escancarou. Naquele lado haviam prateleiras com várias caixas de sapato.
"Pra que sapato se nem anda mais! Descalça ou com chinelo de dedo é mesma coisa. Isso é frescuragem dos ricos!"
Ignorou os sapatos e foi na terceira porta. Roupas de cama. Vários cobertores, lençóis, fronhas, tudo fedendo a naftalina.
- Será possível que essa esclerosada não tem nada que preste?
Abriu a última porta. Seus olhos brilharam. Encontrou uma caixa tipo baú nos fundos da prateleira. Pegou e foi com a caixa até a cadeira. A velha senhora ainda babava e ela puxou a cadeira para trás.
Acomodou o pequeno baú entre suas pernas e abriu a tampa. Esboçou um leve e travesso sorriso.
Dentro do baú tinham joias. Muitas joias! Ela enfiou a mão e pegou vários colares de esmeralda. Deixou que escorresse entre seus dedos. Nem naquela outra velha que tomou conta, tinha tanta coisa assim! Jogou os colares de volta e remexeu nos brincos com pingentes de ouro branco, nos anéis de esmeralda. Virou o baú de cabeça para baixo e as joias caíram em cima das suas sandálias. Ela brincou, fingindo que pisava em cima. Um arrepio delicioso corria pelos seus braços.
Me dê de presente um anel de diamantes e serei sua escrava por toda vida!, ela delirou. Pra que aquele traste que nem falava direito guardava aquelas joias? O mundo é injusto! Enquanto ela usava brinco de camelô, a esclerosada tinha uma fortuna guardada pra nada!
Pegou um colar de esmeralda no chão e foi ao espelho da penteadeira. Envolveu no seu pescoço e ficou se admirando.
- Agora sou da sociedade. Os colunistas me caçam para uma entrevista! Aqui! - Fingiu que tinha uma máquina fotográfica. - Vamos tirar uma foto dela! Fernanda Silva Vieira, rainha da coluna social!
Tirou o colar e se abaixou para pegar os brincos. Trocou os seus, dois pontinhos que mal podiam ser notados, pelos de ouro branco. Em cima da penteadeira pegou um batom e passou nos seus lábios, que ficaram rosa pálido. Balançou a cabeça, desaprovando o resultado e com o braço esfregou e tirou o batom.
Dona Vitória deu um ronco e Fernanda virou-se. Daqui a pouco a velha acorda. Ela podia ser maluca, mas se a visse com suas joias, podia comentar alguma coisa no jantar. E mesmo falando errado, alguém podia decifrar a mensagem!
Ainda era cedo para fazer qualquer coisa. Na verdade, essas joias não seriam de nenhuma utilidade para ela. Pra quem ia vender? Do jeito que os ricos são, se tirasse uma conta de esmeralda do colar, logo descobririam e rapidamente teria a polícia nos seus pés.
Se ajoelhou e guardou tudo dentro do baú. Voltou ao armário e deixou exatamente no mesmo lugar que achara. Ia fechar a porta e encontrou uma caixa de ferro, grande e retangular. Curiosa, pegou e voltou para a cadeira.
Tentou abrir a tampa, mas estava trancada. Viu a pequena fechadura e voltou ao armário para ver se achava a chave. Na prateleira só havia a marca retangular da caixa no meio da poeira.
Segurou a caixa nas laterais e sentiu seu peso. Era um pouco pesada. Balançou e ouviu algo sendo agitado dentro dela.
- O que pode ter aí dentro de tão importante que precisa ficar trancada? Nem o baú de joias foi trancado... Qualquer um pode abrir e surrupiar um anel...
Balançou de novo e ouviu o barulho de algo sólido batendo nas laterais.
- Onde está guardada essa chave?
Agora sua curiosidade inflamou dentro dela. Vasculhou nas gavetas, nos bolsos dos vestidos, dentro dos sapatos, mas não achou nada.
Dona Vitória agitou-se em algum sonho que estava tendo. Lépida, ela colocou a caixa de ferro no mesmo lugar e fechou a porta do armário.
Ficou sentada na cadeira, velando o sono da velha esclerosada. O que quer que estivesse trancafiado dentro daquela caixa de ferro, devia ser muito importante. E Fernanda gostava de saber o que era importante para aquela família.
- Só estou no meu segundo dia e me aparece um mistério. Deve ser muito valioso. Mais que as joias!
Ela ficou pensando naquilo até a hora que a velha senhora acordou. E foi lá atende-la como se estivesse entrando naquele momento no quarto.  

Continua...

No próximo capítulo: Conheçam o que Aurélio pensa das mulheres.

Rogerio de C. Ribeiro

Nenhum comentário:

Postar um comentário