Translate

terça-feira, 29 de abril de 2014

CONTO BRILHO DO GUME - COMO VEIO PARA MIM

Na semana passada publiquei um pequeno conto com o singelo título de BRILHO DO GUME, que foi escrita originalmente em 1989. Ela surgiu na época que eu pretendia escrever um romance gigantesco, que nunca foi concluído e que os originais batidos na minha máquina de escrever Olivetti Linea 88 simplesmente foram jogados no lixo por uma pessoa que não vou citar nome, mas que até hoje a considero uma energúmena. Não só esse romance (que já tinha mais de 200 páginas escritas) como também mais de 300 contos separados, catalogados por mim, amados por mim. Mas não vem ao caso. O romance evaporou da minha mente, mas alguns dos 300 contos mantive aceso dentro de mim. Por isso resolvi criar esse diário para publica-los antes que também esquecesse com o tempo. 
No caso do conto Brilho do Gume, essa história foi inserida dentro desse romance. Havia uma personagem melancólica que gostava dessas histórias sombrias, e além desse havia um outro, que em breve também vou publicar aqui, e que se chama O Quarto de Lúcia.
Voltando a personagem (esqueci o nome dela) tinha um irmão tirano que a maltratava com palavras ásperas, e como ela era frágil de caráter, se escondia no seu quarto e desandava a escrever. Dessa forma, eu resolvi brincar comigo mesmo, inserir textos curtos como se fosse da autoria dela dentro da minha história. Achei divertido, mas depois aconteceu o inevitável: Perdi os originais e decidi deixar para lá. Mas os dois textos da personagem ficaram comigo, então tomei a história para mim e decidi esquecer o nome dela e o resto do romance.
Brilho do Gume foi escrito de propósito para que não tivesse parágrafos. Inicia com um sujeito sentado com uma faca na mão enquanto espera a irmã chegar da rua. Como ela havia dito que ia deixa-lo para ir viver com o seu namorado, o irmão extremamente passional espera com singular paciência para mata-la.
Um conto sombrio? Sim, acho. Para esse irmão, que é a fera enquanto a irmã é a bela, sua vida era resumida só entre os dois. Um amor incestuoso? Não sei, pode ser. Mas pode também ser o desespero da perda.
Enfim, para ele era uma vida sem parágrafos e nem parênteses, enquanto a da irmã abria-se um leque de oportunidades. Um texto curtinho, mas que gostei de escrever.

Rogerio de C. Ribeiro


Nenhum comentário:

Postar um comentário