APROVEITANDO O HORÁRIO DE ALMOÇO
- O almoço está na mesa - Tia Milu
avisou, enquanto organizava os talheres nos devidos lugares. A pequena mesa na
também pequena cozinha tinha sido forrada com uma toalha de plástico axadrezada
nas cores vermelho e branca e havia dois pratos virados para baixo. No fogão de
quatro bocas, o feijão borbulhava na panela de pressão e a panela de arroz
branco exalava um adorável aroma; ao lado das panelas uma travessa de prata com
carne assada e batatas aguardava para ser levada na mesa. Da pequena janela da
cozinha a claridade do sol do meio-dia iluminava o ambiente. Tia Milu era magra,
de tamanho médio, de cabelos prateados presos em um coque. O rosto dela
lembrava muito as fotos de avós dedicadas que contavam histórias para os netos.
Tia Milu arrumou a colher e a faca cega ao lado do prato do seu sobrinho, deu
uma espiada na direção da sala e chamou novamente: - Vem logo, querido, senão a
comida esfria.
- Não quero comida. Quero pão
com ovo estrelado.
- Meu queridinho, titia fez uma
comida tão gostosa!
- Não quero!
Tia Milu desligou o fogo da panela
de feijão e foi para a sala. Um menino magro, de óculos com lentes grossas para
sua miopia de seis graus, estava sentado no sofá com um gibi da Turma da Mônica
colados na cara.
Tia Milu aproximou-se em passos miúdos,
desviou-se da pequena mesa abarrotada com revistas em quadrinhos, sentou-se com
as costas retas e levemente passou longos dedos nos anéis encaracolados dos
cabelos crespos do menino.
- Querido, você não pode passar a
vida inteira só comendo pão com ovo. Está em uma fase que seu corpo necessita
de proteínas.
O menino baixou o gibi que lia,
virou o rosto encovado e por detrás do novo par de óculos, seus olhos cinzentos
aumentados pelas grossas lentes pareciam zangados.
- Eu. Quero. Pão. Com. Ovo. - disse,
pausando lentamente as palavras, e novamente levantou o gibi e seu rosto ficou
escondido atrás da revista.
Verdade seja dita, Tia Milu era
muito paciente. Ela suspirou, tirou os dedos dos cabelos do menino e se
levantou. Fez mais uma tentativa, e ante a mudez do menino de seis anos, deu as
costas, voltou para a cozinha e disse:
- Querido, com gema mole ou dura?
Fazia bastante tempo que não pensava em Tia Milu, por isso assustou-se com aquela inesperada lembrança. A impressão foi que aquele almoço tivesse acontecido ontem e não há trinta e oito anos. Eunásio sorriu com essa memória afetiva de quando
tinha seis anos, que a única preocupação que tinha era apenas visitar a banca de jornais do
seu Amarildo com tia Milu e pegar emocionado os novos números da Turma da
Mônica, Pato Donald e Disney Especial. E quando chegava de noite sua tia
preparando um delicioso sanduíche de pão com ovo estrelado.
Pensando
melhor, talvez tivesse se recordado desse dia por que agora estava sentado em um banco de cimento da praça do Barreto enquanto
desembrulhava um papel de pão manchado de margarina seu almoço, um sanduíche de
ovo frito.
Eunásio aproveitava seu horário de almoço e ia
até a Praça do Barreto, que ficava próxima ao estaleiro Renave, onde relaxava
sentado em algum banco de cimento, observava o movimento do tráfego que vinham
da Avenida do Contorno enquanto comia seu sanduíche. Mesmo que ao redor da
praça tivessem vários estabelecimentos que vendiam refeições baratas, ele
preferia saborear um pão dormido com ovo frito. O vale refeição que recebeu no
segundo dia de trabalho nem estava mais com ele; entregara nas mãos de Lizaura
para usar no mercado do bairro.
Com
sacrifício e trabalho ia superar essa fase que já durava três anos. O tempo que
ficou desempregado lhe serviu como uma pesada lição. Esses anos o afetaram de
várias formas: Adquiriu baixa estima que nunca tivera antes, seu orgulho foi
diluído e sua mulher começou a humilha-lo. Não só ela, mas toda família o desprezava. Tudo por causa da alta
qualidade de vida que tinham e que num piscar de olhos não tinham mais. Os
domingos que almoçavam fora em churrascarias foram trocados por almoços em casa
ou eventualmente no apartamento de Ambrósio; viagens que faziam para a Região
dos Lagos ou para a serra ficaram apenas em fotos guardadas numa caixa, agora
esquecidas dentro do armário da área de serviços; a facilidade de locomoção de
um lado ao outro no Palio da empresa foi
trocado pela dificuldade de ônibus lotados; a tevê a cabo com todos canais se
contentou em ser uma tevê com canais abertos e imagens fantasmagóricas. As
roupas que usava atualmente eram as mesmas de três anos atrás, e cada furo ou
rasgo era remendado por ele mesmo. A visita semanal ao salão de cabeleireiros
que Lizaura fazia para dar um tom novo nos cabelos... Bem, foi a única coisa
que não mudou em nada nesses três anos.
Enquanto
Eunásio gastava sola de sapato visitando empresas e entregando seu currículo
que provavelmente eram destinados às lixeiras, Lizaura administrava a casa e os
filhos com a poupança conjunta que Eunásio investiu durante vinte anos visando
um conforto maior quando aposentasse.
Enquanto ia de uma empresa a outra debaixo de um inclemente sol que torrava
seus miolos, Lizaura utilizava os rendimentos da poupança com necessidades
básicas que julgava serem primordiais: compra de três aparelhos de ar-condicionado
para combater o eterno verão carioca, o cuidado que Valdo e Cininha nunca
estivessem com suas carteiras vazias quando iam à baladas, festas e um passeio
em Angra juntos com o primo Pedrinho. O momento infinito que Eunásio ficava sentado
com outros candidatos de emprego aguardando sua vez na entrevista era também o
momento infinito que Lizaura, com a cabeça enfiada no secador no cabeleireiro,
ansiosa aguardava o resultado para a nova cor dos seus cabelos.
No
dia que soube que a poupança chegara a um nível crítico, Eunásio quis saber
como aquilo tinha acontecido, mas Lizaura, num rompante autoritário e com os
cabelos coloridos de um azul brigadeiro, gritou:
"Só
você é culpado por essa pindaíba que estamos passando, seu idiota. Se tivesse
roubado mais, eu não ia ficar aqui contando centavinhos pra botar comida dentro
de casa. Eu e as crianças não somos culpados pela sua burrice. Aprenda agora e
bota a mão na consciência, Eunásio. Deu uma de cagão e agora quer cantar de
galo dentro de casa. Comigo não! Só você que tem culpa dessa miséria que a
gente tá passando, só você!"
Por
mais que tentasse se defender das injustas acusações, suas palavras flutuavam
no ar porque simplesmente Lizaura dava as costas para ele, pegava uma das várias
bolsas que tinha pendurados no cabideiro do quarto e saía para gastar, ou como
ela mesma frisava, acalmar sua fúria enquanto tingia seu cabelo com outra cor.
Abocanhou
um grande pedaço de pão dormido com ovo e mastigou lentamente, sentado ereto no
banco de cimento. Fazia uma tarde agradável, com o sol cercado por nuvens
brancas e uma brisa agradável que vinha da Baía da Guanabara. A praça era
modesta; tinha dois balanços e um escorrega para crianças, um coreto que
atualmente abrigava alguns mendigos e usuários de droga nas noites e seis
bancos de cimento. Mesmo com o abandono, era o lugar que ele ia para comer.
Nesse horário a praça vivia deserta a não ser por alguns jovens uniformizados
do colégio municipal que às vezes apareciam para conversar, fumar um baseado ou
namorar. Eunásio observou um garoto de uniforme que devia beirar os dezesseis
anos ou menos, com os cabelos compridos presos num rabo de cavalo e leve
penugem que devia chamar de cavanhaque espalhada por um queixo quadrado. Ele
caminhava de mãos dadas com uma garota de cabelos crespos e encaracolados, com
enormes brincos em forma de coração vermelho balançando para frente e para trás
a cada momento que ria e jogava a cabeça para trás com alguma coisa que o rapaz
dizia no seu ouvido. Os dois sentaram em um banco em frente e enquanto Eunásio,
pensativo, mastigava seu sanduíche seco,
lançou um olhar distraído nas pernas da estudante. Ela também usava uniforme
branco, com saias pregadas azul e calçava sapatos pretos e meias brancas que
chegavam no joelho. Mas a saia, curta, subiu mais ainda quando ela cruzou as
pernas e exibiu um par de coxas grossas cobertos com pelinhos claros.
Imediatamente a mão do rapaz deslizou suavemente em cima da coxa acima e
enquanto alisava suavemente com as pontas dos dedos, novamente sussurrava no
ouvido dela. E a garota negava balançando a cabeça, mas era frágil a negativa, porque enquanto afastava a
mão boba de cima da sua coxa, ria alto, jogando a cabeça para trás e sacudindo
freneticamente os brincos de coração. Insistente, como uma aranha, a mão do
rapaz voltava para o ataque, com a boca colada no ouvido dela.
Ah, os jovens,
Eunásio divagou, mastigando lentamente o pão com ovo.
Um
dia também foi jovem, também namorou no colégio. Mas isso parecia que tinha
acontecido há séculos, como outra vida. Eunásio empurrou o último pedaço de
pão, agora sem nenhum vestígio de ovo boca adentro, e meditou sobre a idade
daquele casal que sentava na sua frente enquanto mastigava lentamente. Deviam
ter a idade dos seus filhos. Teve uma pontada de ciúme quando imaginou sua
filha saindo do colégio com um namorado novo, também sentada num banco de
cimento de uma praça qualquer e sendo apalpada nas coxas.
Quase
se engasgou com o pedaço de pão que mastigava e afastou aquela súbita e sórdida
imagem da cabeça. Tossiu, bateu com o punho direito no peito e puxou uma lufada
de ar. Notou o casal da frente olhando para ele. Pela expressão do rapaz, não
parecia estar gostando muito da inoportuna plateia e súbito ficou de pé e puxou
a menina pelo braço para junto de si. Antes de darem as costas, o garoto de
barbicha ergueu o dedo médio para ele. Eunásio não conseguiu segurar o sorriso.
Provavelmente o casalzinho suspeitaram que ele fosse tarado, daqueles que
passavam as tardes nas praças aliciando jovens inocentes. Não se importou com que
eles pensavam dele , mas por precaução também se levantou do banco antes que o
jovem voltasse com alguns amigos para tirar satisfações.
Caminhou
devagar com as duas mãos enfiadas nos bolsos da velha calça social, atravessou
a praça até que passou pelo portão de grades e parou na calçada. O estaleiro
ficava no outro lado da pista dupla e para atravessar a avenida era uma
aventura, porque não tinha passarela e nem sinal de trânsito. Precisava de uma
grande dose de paciência para aproveitar a hora certa que afrouxasse o fluxo de
carros, caminhões e ônibus para atravessar com segurança. Às vezes a sorte
sorria e conseguia atravessar as duas
pistas em menos de cinco minutos, mas tinha vezes que ficava parado no meio-fio
mais de quinze minutos esperando o momento exato que poderia atravessar e não
correr o risco de ser atropelado.
Nesse
dia teve sorte, havia um congestionamento e os veículos,parados, torravam motoristas
e passageiros debaixo de um inclemente e furioso sol . A brisa que sentiu na
praça não existia ali no asfalto. Eunásio driblou os carros parados, viu um
motorista de ônibus com os cotovelos apoiados no volante enquanto enxugava o
rosto ensopado com uma flanela branca e
conseguiu pisar na calçada do outro lado. Ao lado dos portões duplos da Renave havia
o boteco Filho da Mãe, que Zulmiro, ex-funcionário do estaleiro, montou depois
que perdeu o braço esquerdo nas máquinas. Era um negro parrudo, que gargalhava
com qualquer piada que ouvia, os cabelos brancos apesar de ter menos de
cinquenta anos. O rosto simples e risonho enganava aqueles que não o conheciam.
Se alguém tentasse dar um calote depois que bebesse, esse alguém se
arrependeria em conhecer a ira de Zulmiro. A maioria dos fregueses eram grande
parte os operários que largavam os expedientes para um jogo de sinuca,
cervejas, traçados e partidas de suecas, e como todos eram frequentadores
assíduos, a possibilidade de calote era zero.
Um
dos frequentadores que batiam ponto todas tardes era um funcionário da
empreiteira que Eunásio já vira ao lado de Andrezinho. Era o encarregado dos
peões, José Durvalino, conhecido pelo apelido de Zé Ducão. Desde o primeiro dia
que Eunásio viu Ducão no escritório, sentiu uma certa antipatia pelo jeito do
peão. Era um homem alto, mulato de olhos verdes, com um bigodinho aparado nas
pontas e que sujavam a parte superior dos grossos lábios. Eunásio soube por
Andrezinho que Ducão era o homem de confiança de Vandilson no meio dos
operários. Com ele não existia corpo mole e nem preguiça; tarefas eram para
serem feitas dentro do prazo estipulado de qualquer jeito. Apesar de usar um
uniforme que sempre vivia sujo, depois do expediente aparecia no Filho da Mãe
bem vestido, com um colar de argolas que pareciam de prata e uma pulseira de correntes
do mesmo tipo. Era o único que tinha mesa cativa no boteco; ali juntava os
amigos em partidas de sueca que valiam cerveja ou então partidas de sueca
valendo dinheiro.
Eunásio
viu Zulmiro em pé na porta do boteco conversando com um moreno sentado em uma
mesa com um copo de cerveja na mão, acenou e o proprietário do Filho da Mãe
retribuiu. Atravessou os portões duplos da Renave; viu a barcaça que vinha da
ilha do Vianna ancorando no cais e desembarcando, misturados, engenheiros,
administrativos, operários de macacões e capacetes coloridos, gerentes de
empreiteiras e visitantes.
Passou
pela guarita da entrada e cumprimentou com a cabeça Heron, segurança da tarde que ficava isolado num
cubículo de pedra e cimento e com telhas de amianto. Um pequeno ventilador
aliviava o calorão que devia fazer ali dentro. Por um instante pensou em
perguntar a Heron sobre o envelope que recebera. Como a carta não viera pelo
correio, com certeza foi entregue por alguma pessoa. Chegou a dar um passo mas
antes que se aproximasse da guarita, parou. Lembrou-se que a correspondência lhe
foi entregue de manhã, e na guarita pela manhã ficava outro segurança, o
Malaquias.
Sentindo
como se tivesse um maçarico direto na sua cabeça, apressou os passos em direção
do prédio de quatro andares que reuniam várias empreiteiras. Esbarrou em um
sujeito engravatado com uma pasta na mão e com um celular na outra que
reclamava com alguém do calor infernal em pleno mês de junho, passou por
Andrezinho que esperava a próxima barcaça para a ilha acompanhado de Zé Ducão,
que vestia um macacão imundo e que segurava o capacete branco de encarregado,
adentrou no pátio cimentado que tinha a escultura de um navio na frente da
portaria e entrou no pequeno edifício que trabalhava. Na entrada uma grande
mesa com ramais telefônicos três jovens de uniforme verde claro atendiam visitantes. Ao lado delas um segurança armado
montava guarda ao lado das quatro roletas eletrônicas. Ali pelo menos tinha
ar-condicionado. Eunásio lançou um furtivo olhar para uma das funcionárias, uma morena de cabelos encaracolados, de lábios
carnudos e úmidos e que quando sorria, exibia uma fileira perfeita de dentes
brancos. No crachá estava escrito seu nome: Linda Flores. Realmente, o nome
combinava com a pessoa. Eunásio não sabia que idade ela tinha, mas calculou que
tivesse mais ou menos uns vinte e cinco, vinte e seis anos. Era a mais
simpática das atendentes e única que o cumprimentava e sorria toda vez que o
via.
Em
seus delírios, Eunásio se imaginava jantando em um restaurante de frutos do mar
com Linda de acompanhante e um garçom servindo em gigantescas taças de cristais
vinho tinto, enquanto um grupo de violonistas tocavam uma música romântica
exclusivamente para eles. E nesse devaneio imaginava ela rindo das piadas que
contava, saboreava cada palavra que ele dizia, se excitava com cada carícia que
ele fazia... E quando ele passava seus ósseos dedos descarnados pelo braço
moreno ela se arrepiando...
Sonhos... que nunca seriam
realidade. Mas de vez em quando era muito bom sonhar para fugir um pouco do
mundo real.
-
Boa tarde, Linda - Eunásio a cumprimentou enquanto passava seu crachá na
roleta. O sinal ficou verde e ele passou.
-
Boa tarde, seu Eunásio - respondeu a moça com um ligeiro sorriso.
Ele
subiu um lance de escadas e caminhou pelo estreito corredor do segundo andar
até o final. Depois de passar por várias portas fechadas, viu a placa MC
OFFSHORE e entrou. Depois do calor causticante lá fora, a sala gelada pelo ar-condicionado era bem
vinda. Viu apenas Kellerson sentado na sua mesa concentrado nas palavras
cruzadas. As mesas dos outros
continuavam vazias, inclusive a mesa de Vandilson na sua sala privativa.
Puxou
a cadeira e quando sentou viu o envelope pardo fechado ao lado da caixa de
correspondência. Antes que abrisse boca para falar, Kellerson se antecipou:
-
Deixei esse envelope na sua mesa - disse ele com sua indefectível voz em
falsete.
Eunásio
pegou o envelope pardo e notou mais uma vez que não havia remetente, só o nome
escrito "Eunásio Pindo."
-
É normal que chegue correspondências duas vezes num dia só? - Perguntou
enquanto rasgava a parte de cima do envelope.
-
Não, nunca chega - comentou Kellerson. -
Heron achou o envelope caído embaixo dos
escaninhos. Malaquias deve ter deixado cair na hora que separava as cartas e
nem percebeu.
O
envelope não tinha remetente, não tinha
o carimbo postal, nem selo. Amanhã sem
falta vou perguntar a Malaquias quem entregou esses envelopes. Dessa vez
descubro quem é o engraçadinho que quer pregar essa peça em mim, pensou
Eunásio, irritado.
Dentro
do envelope havia um papel dobrado. Pegou e abriu-o por inteiro. Era uma folha
pautada que foi arrancada de algum caderno, com as espirais rasgadas nas
pontas. E mais uma vez estava escrito em uma caligrafia infantil, como se
alguém quisesse disfarçar sua própria letra:
"Para
desbloqueio do seu cartão e troca da senha padrão, ligar para o telefone
222-3333."
Continua...
No
próximo capítulo:
ATENDIMENTO
PERSONALIZADO
Rogerio
de C. Ribeiro
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