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quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

O CARTÃO CAPÍTULO 2

RELAÇÕES DE UM CASAL À BEIRA DA FALÊNCIA

Era minúsculo o quarto do casal; ali dentro mal cabia a velha cama de estrado com o colchão forrado que camuflava alguns buracos e  a cabeceira de madeira lascada; acima da cama,  um crucifixo pregado mostrava  Jesus  mirando  o teto que um dia fora da cor branca e atualmente se aproximava mais para um cinza fosco; o armário de duas portas em que uma delas vivia escancarada e a gigante e sólida penteadeira de espelho duplo e quatro pesadas gavetas que Lizaura herdou de uma tia-avó que mal conhecera em vida. Eunásio já tinha se acomodado no lado direito da cama que dormia vestindo seu único e indefectível pijama de listras verticais nas cores amarelo e verde abacate. Ele mantinha as canelas finas esticadas e balançava os dedos dos pés para relaxar. Pegou um comprimido da cartela que deixava na pequena cômoda ao seu lado, o copo d'agua pela metade e empurrou o remédio numa só golada. Desde o fatídico dia que em que dormiu empregado e na manhã seguinte acordou desempregado, os comprimidos passaram a ser seus maiores aliados na eterna luta contra enxaquecas que o atormentavam nesses últimos três e intermináveis anos.
Lizaura veio do banheiro usando uma camisola verde água com detalhes de flores em cores berrantes. Ela fechou a porta do quarto e ainda úmida, sentou-se na cama, no seu afundado lugar. Eunásio notou, escondendo o desagrado que sentia, que ela pintara seus cabelos num esfuziante e chamativo cor-de-abóbora, desistindo daquele azul lilás que cultivou durante duas semanas. Ela também pintava as grossas sobrancelhas na mesma cor, mas seu buço crespo mantinha descolorido por água oxigenada. Ela dizia e repetia à exaustão: "As mulheres chegando numa certa idade tem a obrigação e o dever de manter a beleza e o frescor da juventude, nem que para isso se todos sejam utilizados quaisquer artifícios e milagres que só um salão é capaz de realizar!" Eunásio não acreditava muito nesses artifícios e falsos milagres dos salões de beleza. Pelo menos, no que dizia à sua mulher. Mas a vaidade extrapolava nela, a conhecera assim, e nada que dissesse mudaria a opinião dela.
Quando Lizaura terminou de passar creme hidratante nas suas pernas marcadas de varizes, ela simplesmente se estirou na cama e grunhiu um boa-noite chocho.
- Joguei o cartão no lixo - disse Eunásio, ainda encostado nos dois travesseiros. Na verdade ele falou mais consigo mesmo; nem esperava que a mulher ouvisse algo além dela mesma falando.
Deitada de costas para ele, Lizaura murmurou na sua voz rouca e nada sensual:
- Que cartão?
- Chegou uma correspondência para mim no escritório e era um cartão de crédito.
Súbito, Lizaura virou-se e apoiou o cotovelo no travesseiro.
- Como pegou um cartão com o nome cagado?
Por que manias tinha que falar tudo para ela? Era o maldito hábito de querer contar tudo que lhe acontecia durante o dia, por mais que ela não mostrasse nenhum interesse. O jeito como ela o encarava agora fez Eunásio tremer por dentro; mesmo depois dos quarenta anos e com dois filhos adolescentes sob o mesmo teto, Lizaura exercia aquele terrível poder em diminuí-lo só com aquele olhar fixo e brilhante, e do jeito como soltava entre dez palavras ditas, um palavrão.
- Aí que está - disse Eunásio, sentando-se com as costas retas na cabeceira e com os braços ossudos cruzados no raquítico peito. - Não pedi nada mas chegou assim mesmo.
Agora a curiosidade tomou conta da mulher. Sobre o buço crespo e descolorido, seus lábios molhados arreganharam num rosnado:
- E estava em seu nome?
- Bem... - Eunásio fez uma pausa e mediu as palavras, -  tinha o nome de "Eunásio Pindo". Pode ser um homônimo meu.
Lizaura riu. Sua risada era cruel, rouca, gutural.
- Essa não! Mais um idiota com esse nome escroto!
Eunásio se contraiu, apertando ainda mais as mãos ossudas nas costelas. Uma vez tive que perguntar - lembrou-se, - Por mais que eu não quisesse perguntei o que havia com ela... e Lizaura me respondeu...
Não queria alimentar essa lembrança, por isso virou o rosto e estudou a única iluminação no quarto que vinha da persiana semifechada da janela, um feixe amarelo oriundo dos postes de luzes de mercúrios da rua. E um pedaço dessa claridade batia em cima no rosto de Lizaura, deixando-a com uma aparência doente, como se tivesse hepatite ou icterícia.
- Sei que meu nome não é popular - Eunásio contemporizou. - Mas tem nomes piores por aí...
- Duvido - Lizaura arreganhou os lábios que viviam molhados. Mostrou  o resto dos dentes  que sobravam amarelos, mas que com a luz da rua ficaram laranjas . - Às vezes fico pensando comigo mesma onde foi parar sua inteligência? Não consigo acreditar que você tomou um chá de burrice depois que saiu daquele lugar. Pense nisso, porra! Deu pra ficar tão inocente que não enxergou o óbvio? - Lizaura ajeitou o cotovelo e aproximou o rosto dele. Há muito tempo que não ficavam assim tão próximos, só que antigamente o hálito dela era melhor. - Se chegou um cartão de crédito com esse nome escroto, claro que é seu, merda! Como iam mandar para o sujeito errado para a empresa que você trabalha?
Eunásio podia argumentar que talvez fosse uma brincadeira do Maurílio, mas preferiu omitir essa parte. Se ela o humilhava com pouco, sabendo que era caçoado na empresa como se fosse um novato em seu primeiro emprego, aí mesmo ela, seus filhos e seu cunhado acabariam com ele num piscar de olhos e palavras.
- Tem razão - Eunásio concordou. Sentia suas mãos suadas embaixo das axilas. Estendeu os braços e ficou tentado em tomar outro comprimido para enxaqueca.
- Já é tarde e você tem que acordar cedo amanhã - Lizaura rosnou. - Só me diga o que fez com o cartão?
- Quebrei-o ao meio e joguei fora.
Lizaura arregalou os olhos e parecia à beira de uma síncope homicida:
-  Seu animal! Idiota! É um zé-mané mesmo! Merece morrer na merda de tanta burrice!
Eunásio fechou os olhos. A voz da mulher ecoava dentro do pequeno quarto de casal e retumbava nos seus ouvidos.
Basta. Chega. Eu mereço isso. Mereço.
- Fiz o que achei certo.- Tentou mostrar firmeza nas palavras, mas a voz falhou.
- Esse seu "certo" sempre se mostra errado, palerma - Lizaura contorceu o corpo mole para fugir de um buraco no colchão. - Não enxerga nossa situação, cara? Temos dívidas até a raiz dos cabelos, é conta pra tudo que é lado... E como sempre você não faz porra nenhuma pra que a gente sair desse pesadelo... E quando surge uma oportunidade, você joga fora! Nem parou pra pensar no limite desse cartão.
- Nem pensei nisso. Talvez nem tivesse limite.
- Todos cartões de crédito tem um limite, porra! Nem que fosse cem reais! Já dava pra pagar alguma coisa! Teu nome tá sujo mesmo. Não faria nenhuma diferença se mexesse no limite.
Não, para mim nunca faz diferença. É meu nome que sujou, não foi o seu e nem do seu irmã, pensou, amargurado. Essas dívidas que ela falou nada mais era que os infindáveis crediários que usou com os filhos naquelas lojas de marcas que eles tanto adoravam. No tempo que trabalhou naquela outra empresa tudo era mais fácil, ele sempre dava um jeito para pagar tudo, mas quando ficou três anos desempregado, tudo mudou, o dinheiro ficou mais escasso, dependiam das economias que ele guardara, mas uma hora a fonte secou mas a voracidade de consumir era inesgotável, por isso chegaram nesse ponto crítico. Agora, há vinte e um dias no novo emprego, cuja remuneração não chegava a nem um terço do que ganhava antes, sua mulher acreditava que podia gastar como gastava antes. Enquanto ele enfrentava um ônibus lotado para ir e vir do estaleiro, sua "prendada" esposa aquecia o colchão da cama até dez horas da manhã e seus filhos, Valdo - que faria dezoito anos em um mês - e Cininha, com dezesseis anos, estudavam e mal paravam em casa, mas sempre exigiam mesadas para seus divertimentos. E Lizaura era responsável para isso:
"Enquanto Pedrinho tem tudo do bom e do melhor, nossos filhos têm essa pobreza de merda! Acha que eles não gostam de vestir roupas de marca? Valdo sai com o primo e fica envergonhado com os trapos que usa. E Cininha? Ela tem amigas, gosta de ir nas baladas. Ela me disse que fica envergonhada quando uma amiga dela mostra uma pulseira nova que ganhou dos pais. E a coitadinha nem pode contar com seu pai pra lhe dar uma pulseira decente! Eunásio, tá na hora de criar colhão de homem de verdade para mudar isso! Assuma para si mesmo que nossos filhos merecem muito mais que essa esmola que você proporciona para eles!" - Era um dos discursos que Lizaura repetia à exaustão, toda vez que Eunásio dizia que precisava economizar dinheiro.
"Ela fala tanto dos nossos filhos? Lizaura, você como mãe precisa enxergar o óbvio. Seu mal é querer passar a mão nas cabeças deles sempre. Por causa dos seus mimos, você os estragou, deturpou a verdade com um véu consumista. Por isso que os dois não querem nada com a hora do brasil. Falam para você que não podem trabalhar porque estudam, mas sei muito bem que a história é bem diferente."
Um dia foi pego de surpresa com a ligação do diretor do colégio que Valdo estudava,  solicitando sua presença com ele. Nessa época continuava desempregado, com o as portas do mercado de trabalho trancadas para ele.
Seu filho estudava em um dos melhores colégios estaduais de Niterói, no Liceu Nilo Peçanha, e só conseguiu vaga graças à amizade do seu tio Ambrósio com um vereador. Eunásio conhecia o colégio só de vista, quando ia ao Centro, e na primeira vez que entrou no saguão da escola ficou impressionado com o estilo neo-clássico e do tamanho da escola. Um recepcionista o acompanhou até uma sala com piso de madeira corrida no segundo andar. Ficou sentado reto em uma antiga cadeira ao lado da porta do Diretor. Depois de quase uma hora suando mesmo com um antigo ventilador de teto batendo preguiçosamente suas pás acima da sua cabeça, a porta da sala do Diretor abriu e uma mulher que devia beirar os setenta anos pediu que ele entrasse.
Quando viu aquele homem sentado atrás de uma mesa secular, Eunásio calculou que devia ter entre 35 a 40 anos no máximo. Ele era alto e deu a impressão que praticava esportes pelo tamanho do tórax e dos grossos braços. Seu cabelo era grosso e cheio, e um cavanhaque aparado.
O Diretor apontou para uma cadeira na frente e disse, sério:
- Seu filho foi pego fumando maconha na quadra de esportes.
Eunásio foi pego de surpresa. Não conseguiu emitir nenhuma palavra devido ao choque. O Diretor permanecia ereto e atlético na sua cadeira com a expressão no rosto fechada. Atrás dele haviam dezenas de retratos na parede com antigos diretores que também o encaravam com austeridade. Sua vontade foi que o chão abrisse embaixo dele para que pudesse se esconder daquelas recriminações mudas. Mas tomou coragem e humildemente, perguntou:
- Ele estava sozinho? - Foi a única coisa que conseguiu pensou naquele instante.
O Diretor explicou que não, Valdo estava com mais dois colegas.
- O problema é que os dois são mais jovens que seu filho.
Naquele tempo Valdo tinha dezesseis anos. Se os outros garotos eram mais novos, que idade teriam?
Durante quarenta minutos ouviu calado o Diretor exaltando a saúde, o esporte, a importância dos conselhos dos pais contra más companhias e blá blá blá... A única coisa que Eunásio fazia era balançar a cabeça, concordando com cada palavra dita pelo atlético e saudável Diretor.
Por fim ouviu o que não queria:
- Por consideração ao doutor Neivaldo - Eunásio soube depois que esse doutor era o vereador amigo do seu cunhado - e ao Sr. Ambrósio Lampréia, decidi não tomar nenhuma atitude mais drástica em relação ao futuro do seu filho na minha escola. Se fosse outro aluno, já tinha assinado o formulário da sua expulsão. Mas nesse caso, vou apenas suspender seu filho por uma semana. Espero que ele reflita sobre esse castigo e que nunca mais faça isso novamente. - O Diretor entrelaçou os grossos dedos da sua mão e completou: - Espero também que o senhor mostre para seu filho que maconha não leva nada.
Pelas últimas palavras do Diretor estava implícito que Eunásio era culpado pela transgressão do seu filho. Sua vontade foi dizer que aquilo era coisa de adolescentes, mas as palavras morreram na garganta. Preferiu ficar em silêncio e ficou aliviado quando saiu daquela sala para bem longe dos olhares reprovadores do atlético Diretor e para os outros rostos dos retratos da parede.
De noite, chamou Valdo para conversarem na varanda da casa. O rapaz, contrariado, disse:
- Agora? O pessoal tá me esperando para irmos a uma "rave" no...
- A "rave" pode esperar. O assunto é sério. O diretor da tua escola...
Valdo riu.
- Ele chamou por causa daquilo?
- Foi.
A resposta que ouviu do filho estava guardada dentro dele até hoje.
- Ainda bem que ele te chamou. Se fosse meu tio, eu tava fodido agora.
Antes que Eunásio replicasse, o garoto acenou para a rua. Um grupo de rapazes estavam parados na esquina.
Ele deu as costas e se apoiou no pequeno portão de ferro, deu um impulso e pulou no outro lado. Enquanto isso Eunásio continuava parado na varanda vendo seu filho se afastando gradualmente na rua deserta.
Detestava aquela sensação de inoperância com seu filho. Sabia que grande parcela de culpa era de Lizaura, mas mesmo sabendo disso, aquilo lhe doía profundamente.
Mas também havia sua filha. Normalmente, as filhas são grudadas com os pais, mas esse não era o caso de Cininha. No tempo que procurava emprego não era raro ver sua mulher aos cochichos com Cininha enquanto apontava para ele. Uma vez, ia para a cozinha beber água quando ouviu, em alto e bom som, Lizaura falando com sua filha, no sofá de três lugares da sala:
- Olha o meu exemplo. Preste bem atenção, Cininha. Nunca se case com um derrotado.
E ainda viu o olhar de Cininha para ele, um misto de espanto e asco:
- Eu, hein, prefiro morrer solteira!
Também nessa época sua filha, com quatorze anos, aparecia em casa com um namorado diferente todas semanas. A maioria eram rapazes da mesma idade dela, mas uma noite apareceu com um jovem alto, com a barba por fazer, e que com certeza não tinha mais quinze anos.
- Mãe - anunciou Cininha, uma menina de quatorze anos e de mãos dadas com o jovem. Eunásio jantava sentado no sofá, equilibrando o prato de arroz, feijão e carne moída enquanto assistia o Jornal Nacional. - Esse é Uidemar.
Lizaura veio da cozinha e enxugou a mão com um pano de prato antes de apertar a mão do rapaz. Cininha nem se deu ao trabalho de apresentar o pai. Lizaura era só dedos e mesuras com o garoto. E na hora que perguntou a idade dele, Eunásio engasgou com a janta quando ouviu a resposta:
- Tenho vinte e seis anos, senhora - E ainda tinha voz de malandro.
- Esquece senhora, me chame de Lizaura - comentou sua esposa que nessa noite exibia um cabelo vinho tinto e como sempre, o buço descolorido. Ela sorriu exibindo a falta de alguns dentes e Eunásio teve impressão que ela também lançava um olhar guloso para o jovem.
Lizaura preparou uma comida especial para Cininha e o novo namorado dela. Depois que comeram, se agruparam todos no sofá de três lugares, expulsando Eunásio para a cadeira de fórmica que tinha uma perna bamba.
Cada vez que Eunásio tentava puxar conversa com Uidemar era interrompido por Lizaura, que estava sentada entre os dois:
- Eunásio, vê se ferveu a água do café - e outro momento que ele ameaçava falar, sua mulher o lembrava: - Já tirou suas cuecas do varal? - E quando Eunásio ia protestar quando viu Uidemar sugando os lábios de Cininha (aquilo nunca podia ser chamado de beijo) e com uma mão boba nos pequenos seios da menina, Lizaura, que agora vinha do banheiro depois de um banho e empesteada de perfume, advertiu: - Deixa os pombinhos em paz, estrupício. Ao invés de ficar aí olhando os dois, pense primeiro em arrumar um emprego para "tentar" ser novamente o homem da casa...
Cininha riu. Uidemar também riu. Lizaura riu tanto que seus lábios molhados tremiam e o buço descolorido dançava. E Eunásio apenas se levantou da cadeira trôpega de fórmica, e no mais completo silêncio foi para a varanda, sentou na amurada, observou sem ver as pessoas que iam e vinham pela rua e chorou.
Nesse tempo de desemprego houve outras vezes que sentia o desespero minando dentro dele, principalmente quando chegava em casa após mais um dia perdido à procura de trabalho.
Sua vida inteira só havia trabalhado de contador em um só lugar, na mesma empresa. Foram vinte anos sem uma falta, vinte anos dedicado ao sucesso da firma, vinte anos para o mesmo patrão. Mas agora quando apresentava seu curriculo nas empresas, a resposta que tinha era que não havia espaço para ele. Portas e mais portas trancadas para a única coisa que sabia fazer.
Essas lembranças assolaram enquanto Lizaura continuava com sua ladainha roufenha. Decidiu que não queria ouvir mais nada nessa noite. Eunásio se enfiou debaixo do lençol, puxou-o até o queixo, fechou os olhos e ficou no mais completo silêncio e acabou dormindo apesar de Lizaura se queixando do seu eterno dom de ser fracassado e idiota.
Na manhã seguinte, Eunásio tinha a cabeça enfiada em vários relatórios errados, acertando uma coisa aqui, anotando com caneta vermelha os que não davam para acertar, tão compenetrado que mal ouvia Maurilio e os outros conversando e nem o barulho do ar condicionado, mas sentiu que cutucavam seu ombro. Saiu do transe que se encontrava e de repente os sons vieram, Maurilio contando uma piada e Xuvisquem se dobrando em gargalhadas, Birinha e Andrezinho discutindo futebol, o característico som do ar condicionado e a voz de Kellerson, o contínuo viciado em palavras cruzadas dizendo:
- Seu Eunásio...
Eunásio levantou os olhos aumentados pelas grossas lentes dos óculos e viu o envelope na mão do rapaz.
- Pro senhor. - disse Kellerson que jogou o envelope em cima da mesa e saiu para entregar outras encomendas aos colegas do escritório.
Eunásio largou a caneta em cima do relatório e com a mão trêmula pegou o envelope com cuidado, como se pudesse morde-lo. Era novamente um envelope antisséptico, impessoal, escrito à mão com caneta azul o seu nome em letras miúdas: EUNÁSIO PINDO.
Rasgou o envelope e encontrou outro cartão de crédito de cor preta com letras douradas, e junto dele um pequeno pedaço de papel dobrado caiu de dentro sobre sua organizada mesa. Eunásio desdobrou o quadrado de papel e leu as palavras que foram escritas à mão em uma caligrafia infantil:
"Conforme solicitação, a segunda via do seu cartão."

Continua.

No próximo capítulo:

OS COLEGAS DA EMPREITEIRA


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