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segunda-feira, 11 de maio de 2015

A CASA AMARELA CAPÍTULO 1

I
Quando deu por si percebeu que estava parado em frente do pequeno muro branco que cercava a casa amarela. Por um momento continuou ali em pé, curioso com aquele local. Sentiu uma leve brisa refrescando seu rosto apesar do céu azul sem nuvens. Olhou para os lados e viu que não havia nenhuma casa vizinha. Tirando aquela casa amarela, um vasto campo de um verde vivo e fulgurante enfeitava o bucólico lugar.
O que mais chamava sua atenção era o silêncio que imperava no lugar. Não ouvia nenhum canto de pássaro, nem zumbido de inseto, nem o som do restolhar das folhas. O silêncio era absoluto, quase palpável.
Atravessou pelo portão aberto e caminhou lentamente pela alameda ornamentada por pedrinhas circulares que massageavam seus pés descalços. Do portão até a varanda da casa nem trinta metros chegava, e ele anotou mentalmente o mato que contornava a alameda. No decorrer dos seus passos a brisa no seu rosto cessou de repente. Mas apesar do sol não sentia calor.
Chegou no final da alameda e subiu os três degraus que levavam até a varanda aberta, desprovida de qualquer objeto e de móveis. Viu a porta da frente aberta e a moça de uniforme branco, sorrindo.
Calculou que ela não devia ter mais do que vinte anos. Não era bonita, mas tinha um luminoso sorriso. Quando ficaram frente a frente, a moça de uniforme disse:
- Seja bem vindo, Jorge. - Ela apontou para o interior da casa amarela. - Se acomode em qualquer cadeira. Os outros já estão vindo.
Ele continuou no mesmo lugar, surpreso.
- Fui o primeiro a chegar?
A moça de uniforme concordou.
- Dessa vez não vou ouvir Gilda reclamando dos meus atrasos. - Jorge riu e entrou na casa. Quando pisou na sala, o sorriso morreu nos lábios.
- Não é possível - Jorge murmurou, espantado com o que viu. - A sala é muito parecida... Não, quase idêntica à casa dos meus avós...
Diante dos seus olhos viu uma sala de tamanho médio com uma mesa de madeira no formato oval, cadeiras com encostos e assentos de palhas organizadas lado a lado pelas paredes nuas. No lado direito tinha um arco que dava para o corredor com várias portas fechadas. O cheiro de casa antiga instigou suas memórias afetivas.
Ouviu a moça de uniforme falando atrás dele:
- Pode escolher qualquer dessas cadeiras, Jorge. Quando todo mundo chegar, o Doutor virá atende-los.
- Essas cadeiras me lembram tanto quando visitava a chácara dos meus avós. Estou impressionado com a semelhança delas - Jorge divagou. A moça não comentou nada, ela voltou para o seu lugar na varanda, deixando ele sozinho.
Ouviu a moça falando da varanda:
- Por aqui, seja bem vinda, Simone.

II
Quando ela atravessou o portão e pisou na alameda em direção da casa amarela, colocou as mãos na boca para conter o grito e fascinada, arregalou os olhos. Seu fascínio era tanto que sentiu uma leve e doce tontura. Mesmo com as pernas tremendo foi andando pelo jardim da alameda.
Havia uma infinidade de flores que não sabia qual ia admirar primeiro. A variedade era imensa em cores e fragrâncias. Simone viu rosas vermelhas, rosas amarelas e brancas, camélias, margaridas do campo, orquídeas, crisântemos, e mais um tanto, tão bela como todas, que precisaria de uma enciclopédia botânica para poder distingui-las uma a uma.
Simone não  se conteve e ajoelhou-se ao lado de um buquê de chuva de prata, flor com pequenos botões branco, fina, delicada, muito usada para dar acabamento em buquês e arranjos de casamento. Passou levemente os dedos pela flor e ficou inebriada. Estava tão compenetrada que mal ouviu seu nome sendo chamado. A contragosto ergueu os olhos e viu uma moça que devia ter sua idade na varanda da casa acenando para ela.
Simone levantou-se bem devagar e mesmo de pé continuou admirando a pequena flor. Só depois que ouviu a moça a chamando novamente seguiu em frente. Quando se aproximou dos degraus que levavam à varanda virou o rosto para trás para dar mais uma olhada nas flores.
Ela subiu os degraus e a moça de branco disse:
- Seja bem vinda, Simone, por favor, entre e sente-se, assim que todos chegarem, Dr. Carlos virá recebê-los.
- Essas flores - disse Simone, - são fantásticas!
- São seus olhos.
- Não, é verdade. Nunca vi tantas espécies diferentes juntas no mesmo lugar.
A moça de uniforme branco sorriu e apontou para dentro. Simone entrou pela porta e viu um homem sentado em uma cadeira. Ao lado dele tinha uma mesa forrada com uma toalha rosa clara com flores campestres desenhados à mão. Sobre a mesa, um vaso vazio.
 Cumprimentou o homem com um simples e tímido aceno e sentou-se na cadeira ao lado.
Estudou a sala. Gostou da cor das paredes, de um creme discreto, do quadro pendurado que mostrava um campo de margaridas e das cortinas nas janelas.
- Já veio aqui antes? - O homem sentado ao seu lado quebrou o silêncio.
- Não - Simone respondeu, mantendo a voz em um tom baixo. - Mas se soubesse que tinha esse lindo jardim, teria vindo.
- Para mim é um jardim igual a tantos outros. - O homem comentou.
Quando Simone ia replicar, ouviu vozes no lado de fora da casa.

III
Célia torceu o nariz quando atravessou o portão. Pisava com cuidado enquanto caminhava naquela alameda forrada de pedras sujas, e esnobou o pequeno jardim que tentava a todo custo enfeitar aquela casa horrorosa. Quando subiu os degraus para a varanda, deu uma parada para pegar seu lenço de seda na bolsa. Viu que não tinha bolsa pendurada no seu ombro. Estranho. Nunca saía de casa sem a bolsa e seus documentos. 
Na sua frente viu a moça de uniforme branco sorrindo para ela. Célia fechou a cara, contrariada.
- Seja bem vinda... - disse a menina, mas foi cortada abruptamente:
- Pode anunciar que Célia Bangstorm chegou?
- O doutor está aguardando a senhora. - disse a moça sorridente, não parecendo contrariada de ter sido cortada.
Célia olhou-a de cima para baixo e avaliou-a como se fosse um objeto sem valor. Achou que fosse a criada da casa, mas o modo dela ali, sorrindo, não lhe agradou. Se fosse sua empregada, a primeira providência seria que nunca, mas nunca mesmo, devia exibir os dentes para um convidado.
- Mas como não se faz mais empregados como antigamente... - disse Célia, passando pela moça, exibindo sua elegância e altivez.
Avaliou o casal na sala e mais uma vez fechou a cara.
- Onde fui me meter..., pensou em voz alta.
- A senhora pode escolher uma cadeira... - comunicou a moça.
- Essas cadeiras estão limpas? Pelo jeito...
A moça não respondeu, teve que voltar logo para a porta da frente.
Ainda em pé, Célia avaliou aquela sala. Uma mesa comum com uma montanha de revistas em cima. Nem precisava pegar um exemplar para saber que a edição mais nova de uma dessas revistas devia ter uns cinco anos. Um arco levava para um corredor escuro com várias portas enfileiradas fechadas.
- Desde que me dou por gente não pisava mais nessas clínicas populares.
Se dirigiu até uma cadeira, a mais afastada daquele casal estranho que não tirava os olhos em cima dela. Automaticamente pôs a mão no braço e mais uma vez percebeu que estava sem bolsa.
Deu uns tapinhas no assento da cadeira para tirar qualquer partícula imunda de poeira e só depois que julgou estar aceitável sentou-se empertigada com o queixo levantado e os olhos analisando o estranho ambiente.
O silêncio reinava na sala até o momento que ouviu a voz rouca falando alto lá fora na varanda.
IV
- Horácio, seja bem vindo - disse a mulher de uniforme branco.
Ele ainda se sentia meio atordoado. Não lembrava que tinha marcado uma visita nessa casa. Quando viu, atravessava o portão enferrujado pendurado toscamente pelo muro de cimento cru e depois caminhou lentamente por aquela alameda cinza, de terra batida, com plantas amareladas e murchas.
O céu acima também estava da cor de chumbo, mas não tinha nenhuma nuvem carregada. Depois que atravessou, subiu os degraus de madeira podre e parou, ofegante, diante de uma mulher de cabelos oleosos e olhos amarelados como se tivesse icterícia
- Aqui? - ele perguntou com sua voz de barítono. - Tem certeza que não errei de casa?
Horácio se contraiu quando a mulher sorriu. Faltavam-lhe três dentes na frente e o resto eram amarelados e cobertos de tártaros.
- Aqui mesmo. O Doutor está à sua espera.
- Me disseram que era uma mansão. E isso aqui é uma casa caindo aos pedaços... e amarela! Olha essas paredes descascando. Deve estar infestado de aranhas e ratos. Não, com certeza errei. Vou conferir na minha agenda, vou te mostrar.
Levantou as mãos e olhou-as, mais assustado ainda.
- Onde está minha pasta? - Horácio perguntou, irritado. Mas não obteve nenhuma resposta vinda daquela mulher estranha.
Como ela apenas se limitou a sorrir, ele passou rápido e por pouco não esbarrou nela.
Horácio irrompeu na sala, e seu desagrado aumentou. Onde estava os móveis da casa? O que via ali era apenas uma velha e carcomida mesa e cadeiras espalhadas pelo sala. E três pessoas que nunca viu na vida.
- Acho que vim no endereço errado - repetiu, nervoso. - Não me lembro que tenham me falado que era nesse casebre.
A mulher sorridente e banguela disse atrás dele:
- O senhor está no lugar certo, Horácio.
Ele se virou para ela e ergueu o indicador.
- Não me lembro se dei permissão pra que me trate com essa intimidade, senhora. Prefiro que me trate como doutor. Sou advogado e só estou à espera da minha nomeação para Procurador do Estado para...
A moça de uniforme branco o interrompeu:
- Pode escolher uma cadeira, tenho que receber outra pessoa.
Ela deu as costas e foi para a varanda. Uma coisa que Horácio mais odiava era ser interrompido enquanto falava. Observou as três pessoas sentadas no canto da sala. Tinha um homem com cara simplória, com todo jeito de ser um zero à esquerda. Ao seu lado uma mocinha o encarava com curiosidade.Parecia zangada com ele. Vai ver que não gostou do meu jeito, pensou. Em uma cadeira mais afastada uma velha olhava para o teto. Essa tinha jeito de ter muito dinheiro. Horácio aproximou-se dela, puxou a cadeira ao lado e disse educadamente:
- Com licença.
A velha nem se deu ao trabalho de responder, continuou fitando o teto como se não estivesse ali.
Sem sua pasta ele se sentia perdido. Se ao menos tivesse a agenda com ele poderia puxar assunto com a ricaça. Sabia que era bom de papo e pessoas caíam na sua lábia, e provavelmente essa velha também cairia na sua rede. Horácio vislumbrou a chance de faturar em cima dela.
- Vamos ver aonde isso vai dar - disse para si mesmo.

V
Sílvio estava confuso. Nunca foi convidado para uma festa de aniversário, para ir ao cinema com uma garota ou para passar um final de semana na casa de praia de algum amigo ou parente. Na verdade, nunca teve um amigo de verdade ou uma namorada. E nunca foi convidado para nada, já que sua vida só se resumia a uma coisa: Visitar médicos ou ficar internado por conta do plano de saúde.
Mas para sua surpresa era esperado na casa que  à sua frente. Indeciso, não sabia se precisava tocar a campainha ou bater palmas. Nem precisou nada disso; o portão estava aberto. Mais adiante, no fim de uma pequena alameda, uma bonita moça de jaleco branco acenava para ele. Ficou em dúvida se era para entrar ou não. Apontou para si e perguntou:
- Eu?
A moça concordou com a cabeça. Receoso, atravessou a alameda em passos tímidos e nervosos e observou o jardim em volta. Ficou preocupado com tanta vegetação. Com tantas plantas e flores era o refúgio perfeito para todos tipos de insetos. Coçou o braço nervoso. Só em pensar nisso começava sua alergia.
 Chegou na varanda e ansioso, perguntou:
- A casa é bem protegida?
- Protegida como? - Perguntou a moça.
- Tenho alergia ao vento e a mosquitos.
- Não se preocupe com isso, Sílvio.
- Como não vou me preocupar? É minha saúde que está em jogo. Por isso sempre ando com um antialérgico...
Sílvio ficou mudo. E com falta de ar. Não viu o estojo de remédios que levava sempre a tiracolo. Apavorado, gemeu:
- Sem meus remédios posso ter um ataque cardíaco ou um derrame... Não sei onde posso ter deixado meu estojo!
A moça de jaleco branco apontou a sala e sorrindo disse:
- Não fique preocupado, Sílvio. Se acomode em uma das cadeiras; assim que o Doutor chegar, poderá falar com ele sobre isso
- Quem é esse doutor?
A moça sorriu.
- Ele vai lhe dizer.
Sílvio sentiu uma ponta de alívio quando soube que falaria com um médico. Sua memória andava falhando. Como foi se esquecer que iria para uma clínica de repouso?
Sílvio entrou na sala e gostou do que viu e cheirou. O ambiente era claro e antisséptico, com uma mesa forrada de toalha de linho branca, cadeiras também brancas e um leve aroma de éter.
Fiscalizou, temeroso, os quatro pacientes que chegaram antes dele. Não pareciam tão doentes como ele. Mas doenças são traiçoeiras, ficam escondidas esperando o momento de distração para se declarar. As pessoas podiam parecerem saudáveis, mas se estavam ali na clínica, com certeza queriam se precaver como ele.
 Puxou a cadeira ao lado de um sujeito que devia sofrer de obesidade mórbida e sentou com as mãos entrelaçadas e os joelhos tremendo.
- Espero que à noite não faça muito frio. Me resfrio facilmente.
O sujeito obeso lhe lançou um olhar estranho. Sílvio não gostou nada disso. Abaixou a cabeça, juntou as mãos em punho na testa e balançou mais ainda os joelhos, a ponto de chocarem um ao outro.
VI
Michelle avaliou a casa amarela. Era cercada por um muro que devia medir um metro ou menos e tinha um portão de madeira aberto que dava para uma trilha calçada de terra marrom e seca. Pisou com cuidado para não levantar nenhuma poeira e sujar sua roupa, mas conforme ia pisando a terra continuava incólume, firme. Caminhou com desenvoltura pelo caminho, como sempre decidida, confiante que fazia sempre o melhor.
Normalmente os encontros eram em lugares mais discretos, bem longe de olhares curiosos. Verificou se havia outras casas vizinhas e não viu nenhuma por perto. Até onde sua vista alcançava era um mar verde de capim rumo ao infinito.
O sol resplandecia mas ela não sentia calor. O clima era agradável, com um vento suave tocando seus cabelos castanhos que tanto admirava.
Procurou seu espelho para certificar que sua maquiagem não tinha borrado, mas não encontrou espelho e nem sua bolsa. Olhou para trás, além do portão de madeira, para ver se sua bolsa tinha caído, mas não vislumbrou nada, só o mar de grama sacudida pelo vento que corria.
Michelle deu de ombros. Tinha mais coisas para se preocupar do que um simples borrão de batom ou um risco errado de lápis nos olhos. O tempo para ela significava dinheiro, e não ia perder muito tempo nessa casa.
Subiu os degraus gingando as cadeiras até a varanda onde uma garota, quase da sua idade, a aguardava sorrindo.
- Seja bem vinda, você pode entrar e sentar que o Doutor ...
Michelle ajeitava os cabelos quando cortou-a:
- Queridinha, não vou poder demorar muito porque tenho outros clientes para atender.
- Bem, quanto a isso, o Doutor...
- Então o chame logo que estou com pressa - Michelle cortou-a novamente e quando passou pela porta, estancou.- Ué? Quem são aquelas pessoas na sala? - perguntou quando viu três homens e duas mulheres sentados em cadeiras de couro.
A moça sorridente respondeu:
- Também esperam o Doutor.
- E vou fazer programa com eles? - Michelle perguntou, assustada.
- Aqui ninguém vai fazer programa, Michelle.
- Me disseram que...
- Entre e sente naquela cadeira que está vaga, por favor. - A moça de sorriso fácil disse gentilmente, mas Michelle percebeu um tom firme na voz e resolveu obedecer sem retrucar mais.
Michelle atravessou a sala e passou pelas pessoas sentadas com seu jeito desenvolto. Estudou um a um e percebeu que não tinham perfil de quem faziam programas. Sentou-se na cadeira vazia ao lado do sujeito com cara de honesto, cruzou as pernas e tateou os lados do corpo, onde sempre guardava um maço de cigarros nos bolsos da calça comprida. Mais uma vez não achou nada.
- Droga, esqueci meus cigarros - disse para si mesma. Virou-se para o sujeito ao lado e perguntou: - O senhor fuma?
O homem respondeu, seco:
-  Nunca fumei.
- E espero mesmo que ninguém fume aqui dentro - disse outro sujeito, esse mais novo. - Além de ser proibido fumar em lugar fechado, tenho alergia a fumaça de cigarro.
- Pela ausência de cinzeiros, com certeza ninguém pode fumar aqui dentro - opinou a mulher que parecia ser a mais velha do grupo.
- Sem estresse. Vou lá fora e fumo - disse Michelle. - Algum de vocês sabem me informar onde posso comprar cigarros?
A moça sentada depois do sujeito com cara de honesto respondeu:
- Não vi nenhum bar e nem padaria aqui perto.
- Só vi um grande descampado. Sem nenhum sinal de vizinhos - disse o homem gordo.
- Tem razão, só vi um campo - disse o rapaz alérgico.
- Tirando essa casa, não vi mais nada a não ser o campo de flores - disse a moça.
- Droga - disse Michelle. - É mesmo. Quando fui ver se tinha esquecido minha bolsa, também não vi nada.
O homem gordo exclamou:
- Como isso pode ser explicado? Estamos isolados no meio do nada?
A moça sorridente veio da varanda e anunciou:
- O Doutor está chegando.
Seis pessoas olharam curiosas ao mesmo tempo na direção da porta da frente.
VII
O Doutor era alto e magro e tinha os cabelos grisalhos. Grossas sobrancelhas enfeitavam olhos claros e vestia camisa e calça branca como a moça sorridente que os recepcionou na varanda. Ele bateu palmas e disse, alegre:
- Muito bom que já chegaram. Estou feliz com a presença de vocês.
A impressão que o Doutor  causou em Jorge era de um homem simples, franco, simpático.
Já Simone achou-o atraente e bonito.
Célia torceu o nariz. Ele podia ser tudo, menos um doutor.
Haroldo analisou o homem como um provável cliente.
Sílvio teve esperança que ele fosse um bom médico.
Michelle se decepcionou. Aquele homem não tinha nenhum jeito de que fazia programas.
O Doutor estendeu a mão para apertar as mãos do grupo sentado nas cadeiras, mas Célia se recusou a dar a sua. O Doutor não se mostrou chateado com aquela recusa e se apresentou:
- Eu me chamo Carlos.
Jorge ergueu o dedo.
- O senhor me desculpe, mas não conheço...
Carlos levantou as palmas para cima,  sorriu e respondeu:
-  Eu sei que vocês não me conhecem. Ainda - enfatizou. - O importante é que eu os conheço.
- Sério? - Sílvio perguntou. - O senhor é médico em que especialidade?
Ainda parado no mesmo lugar e com a moça sorridente ao seu lado, o Doutor disse:
- Vou responder a todas perguntas que queiram me fazer, mas isso será mais tarde. Vocês devem estar cansados da viagem que fizeram. Precisam descansar um pouco, por isso mandei que preparassem seus quartos.
- Xiii... - fez Michelle, balançando a cabeça. Olhou seu pulso para ver as horas e notou que também esquecera do relógio. - Não sei se vou poder ficar tanto tempo aqui, eu...
Com uma voz suave, mas ao mesmo tempo autoritária, o Doutor disse:
- Você tem todo tempo do mundo. Eu só quero agora é que descansem da viagem. Acreditem, vocês tem que repousar.  Depois vou conversar com vocês.
- Aqui é uma clínica de repouso? - Perguntou Sílvio, esperançoso.
O Doutor não respondeu. Apontou o corredor e disse:
- Vão para os seus quartos agora e se acomodem. Logo vou chamar  um em um para conversarmos.

Continua...

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